quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Uma mulher estuprada: culpada pelo estupro


Foto> Bateria da Grande Rio na festa das baterias 2007. By Fefe

Esta semana uma mulher muçulmana foi condenada pela corte de seu país (infelizmente não me lembro qual país) a 90 chibatadas por estar na companhia de um homem, que não era de sua familia e por ter sido estuprada por um grupo formado por aproximadamente seis homens.
O advogado da vitima apelou a corte e pediu absolvição da mulher. O juiz então, para reforçar ainda mais a sua ira, determinou que a mulher deveria em vez de 90 levar 200 chibatadas!
Mas a pressão de grupos internacionais fez com que esta muçulmana fosse absolvida de "seu crime" e ela foi liberada de sofrer as chibatadas e assim, conforme a lei do Islã, pagar por estar acompanhada de um unão parente e ainda ter sido estuprada por um grupo de homens.
No Brasil, não vivemos sob a religião muçulmana, mas uma mulher quando é estuprada ainda é considerada culpada pela violencia que sofreu. E os argumentos são os mais estaparfúdios possiveis e tod@s nós conhecemos.
Mesmo com toda a ação do movimento feminista frente a este tema da violência contra a mulher ter sensibilizado boa parte da sociedade, a cultura patriarcal ainda é muito forte e bastante presente.
Quando se trata de uma mulher de nossa familia, sempre queremos matar o estuprador ou fazer "justiça" de qualquer jeito. Mas quando se trata de uma prostituta, de mulheres que não são de nossa familia e ainda, quando o fato é causado por um amigo nosso, a principal reação é "analisar bem os fatos" e ver que a mulher pode ter provocado.
Espero que não chegue por aqui a punição do Islã, aqui no Brasil tudo é no subjetivo. Violência contra a mulher é inconcebivel, inadmissivel e inaceitavel!!!
Parta de quem for!

Mabel Dias
Grupo Wendo de João Pessoa

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

NOTA A SOCIEDADE CEARENSE


Foto: Prantinhas da Crau...by Crau


Fortaleza, 10 de dezembro de 2007.

Nós, camponeses organizados nos movimentos sociais do campo, viemos a público expressar nosso protesto e indignação contra as multinacionais que controlam a agricultura no Brasil.
Somos mais de 250 pessoas que desde as 6h da manhã de hoje estamos na localidade de Flecheira, município de Aracati, onde fazemos uma manifestação pacífica contra a empresa multinacional SYNGENTA, com sede na Suíça. Esta empresa está no Brasil, no Ceará e em ARACATI há mais de cinco anos desenvolvendo pesquisas, experimentos e produzindo sementes selecionadas para o mercado, só que segundo informações da região essa empresa (Syngenta) está realizando testes com sementes geneticamente modificadas, TRANSGÊNICOS, as conhecidas sementes da morte, que o governo Brasileiro não autorizou.
O nosso protesto é também pela chacina que a SYNGENTA realizou em Santa Tereza do Oeste – Paraná, no dia 21 de outubro, com 40 pistoleiros, a mando da empresa, assassinou um militante da Via Campesina e feriu a tiros 5 pessoas. A ação da Syngenta fere o direito a vida, liberdade e segurança pessoal assegurada na Declaração Universal dos Direitos Humanos que hoje completa 50 anos. O protesto é ainda em solidariedade ao frei Dom Luís Cappio, que hoje chega a 13 dias de jejum e oração na luta pela não transposição do Rio São Francisco. Reafirmamos também nossa luta contra a transposição do São Francisco e na defesa dos direitos humanos.

Via Campesina - Alimento e Energia não são Mercadorias!
Maiores informações: Flávio Barbosa - 85 99479131
João Paulo – 88 99298621 / 99217988

PM é condenado a 542 anos por Chacina da Baixada Fluminense


Foto: Minhas Rendas Portuguesas...by Crau


O cabo José Augusto Moreira, do Batalhão da PM (Polícia Militar) de Queimados, foi condenado a 542 anos de prisão por sua participação na Chacina da Baixada Fluminense, a mais sangrenta da história do Rio, que terminou com 29 mortos e um ferido em abril de 2005.

Por volta das 18h desta quarta-feira (12/12), a juíza Elisabeth Machado Louro, da 4ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, leu a sentença.

Moreira foi condenado a 18 anos por cada um dos 29 homicídios cometidos, mais 12 por uma tentativa de assassinato e outros 8 anos por formação de quadrilha. Além disso, a sentença determinou que ele seja expulso da corporação.

O defensor público Rômulo Souza de Araújo recorreu da sentença em plenário. Ele alegou que não haveria nenhum indício no processo de participação do réu na chacina e de que ele estivesse nos locais dos crimes.

Os promotores Fábio Mendes Muniz e Frederico Bonfatti, que atuaram no julgamento, afirmaram que os crimes não foram atos isolados dos réus, mas "o ápice na carreira de policiais que não conheciam limites e não respeitavam a lei".

A juíza Elizabeth Machado Louro classificou o crime como uma barbárie. "Os agentes percorreram vários logradouros e executaram aleatoriamente pessoas inocentes", afirmou.

Segundo ela, o crime é repugnante, principalmente pelo fato de o acusado ocupar o cargo de policial militar. "Deveria estar comprometido com a defesa da ordem e da vida humana", completou.

O júri começou às 12h de segunda-feira e terminou por volta das 18h desta quarta. Foram mais de 50 horas até que os sete jurados (4 mulheres e três homens) dessem o veredicto.

O cabo é o segundo policial a ser julgado dentre os cinco acusados de terem cometido os 29 assassinatos. O primeiro a ir a julgamento foi o soldado Carlos Jorge de Carvalho, condenado a 543 anos de prisão, em 2006.

Também respondem pelos mesmos crimes o cabo Marcos Siqueira Costa e o soldado Júlio César Amaral de Paula. Eles, porém, ainda não têm data definida para irem a júri, pois entraram com recursos que ainda não foram julgados.

Durante os depoimentos, uma das testemunhas de acusação disse que viu o cabo José e os outros quatro acusados em um bar no centro de Nova Iguaçu e que todos saíram juntos do local por volta das 20h30, momentos antes do início dos assassinatos.

O caso
O crime aconteceu em 31 de março de 2005. Os criminosos levaram terror a uma extensão de 15 quilômetros entre as cidades de Nova Iguaçu e Queimados. As vítimas não tinham antecedentes criminais e foram baleadas enquanto conversavam na porta de casa ou andavam pelas ruas. Entre elas havia crianças, estudantes, comerciantes, desempregados, funcionários públicos, marceneiros, pintores e garçons.

Em maio de 2005, o Ministério Público chegou a denunciar 11 policiais militares pelos crimes e o grupo acabou preso. Em fevereiro de 2006, a juíza Elizabeth Machado Louro admitiu parcialmente a denúncia e pronunciou cinco deles para irem a júri popular. Outros dois policiais foram pronunciados apenas por formação de quadrilha: o cabo Gilmar Simão, assassinado em outubro de 2006; e o cabo Ivonei de Souza, que entrou com recurso contra a decisão.

Os demais foram postos em liberdade, a pedido do Ministério Público, pois não foram encontrados indícios suficientes para incriminá-los.

Leia mais:
PM acusado de participar de chacina no Rio declara inocência
PM absolvido na chacina de Vigário Geral receberá indenização de R$ 100 mil
Fazendeiro é condenado a 152 anos por chacina no Pará

Quarta-feira, 12 de dezembro de 2007




http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/45497.shtml

Liberdade às aos diferentes - Luta antimanicomial!



Propondo o fim dos manicômios: o Movimento da Luta Antimanicomial - batalha por uma sociedade igualitária.
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"Quando propomos o fim dos manicômios não é apenas um fim de um prédio, dos muros. É o fim desse olhar, dessas relações que não permitem a diferença. Ninguém escolhe ficar louco". É assim que Alessandro de Oliveira Campos (25), define o objetivo da luta do Movimento da Luta Antimanicomial (MLA).Psicólogo formado pela UNIP em 2002 Alessandro entrou no movimento durante um estágio em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Diadema (SP). Os CAPSes são uma das inúmeras formas de tratamento aos portadores de distúrbio mental, também chamados de usuários dos serviços, que alguns membros do movimento apóiam em substituição aos hospitais psiquiátricos.

Existentes em todo o Brasil e criados pelos municípios, os CAPSes geralmente são uma casa em um bairro que reúne uma equipe de profissionais de saúde mental. As pessoas da comunidade passam o dia, ou parte do dia, nesse espaço onde ocorre o acompanhamento clínico e terapêutico aos usuários. No local, há ainda oficinas culturais. Para casos de crise com necessidade de internação existem os Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS).

Inicialmente criado pela prefeitura de Santos, primeira cidade do país a promover a reforma psiquiátrica fechando o hospital Anchieta em 1989 pela ex- prefeita Telma de Souza (PT), o NAPS foi um marco para a história do movimento. No mesmo ano, durante a administração de Luiza Erundina (PT, na época) São Paulo ganhou Centros de Convivência, um equipamento de inclusão social iniciado pela mudança de atendimento de portadores de distúrbio mental - que passaram a ser em hospitais públicos de saúde geral - e pela organização de atividades relacionadas à arte juntando excluídos em geral, dentre os quais estavam os portadores de sofrimento mental. Os êxitos das duas experiências municipais comprovaram que a luta do MLA não era em vão, contribuindo também para o fortalecimento e crescimento da entidade.

Mas o real crescimento da organização se deu em 2000, com o sucesso do filme o "Bicho de sete cabeças", dirigido por Laís Bodanzky. O filme, inspirado no livro "Canto dos Malditos" do curitibano Austregésilo Carrano, trouxe à tona o problema manicomial do país ao narrar a trajetória do autor pelo sistema psiquiátrico. A projeção alcançada contribuiu para a divulgação do Movimento da Luta Antimanicomial do qual Carrano faz parte.

O nascimento dessa luta ocorreu em maio de 1987 durante a I Conferência Nacional de Saúde Mental e do II Congresso Nacional dos Trabalhadores de Saúde Mental, em Bauru-SP. No encontro, ocorreu uma discussão de ação política e da possibilidade de uma intervenção social para o problema da saúde mental, especificamente, dos absurdos que aconteciam nos manicômios. Com a criação do MLA estabeleceram o lema "Por uma sociedade sem manicômios", e definiram o 18 de maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Dentre os presentes estava Pedro Gabriel Delgado, atual coordenador nacional de saúde e irmão do deputado Paulo Delgado.

Paulo Delgado foi o autor da Lei Antimanicomial aprovada pelo Congresso em 2001 após 12 anos de discussões. A lei reformula a situação do sistema manicomial do país e representa a maior conquista do Movimento da Luta Antimanicomial. "Na prática, a entidade cria condições legais para acabar com os hospitais psiquiátricos" explica Patrícia Villas- Bôas (33), psicóloga e militante do movimento desde 1996 . Os resultados são o surgimento de leis federais, estaduais e portarias que contribuíram para o fechamento de 60 mil leitos no país nos últimos 15 anos. Uma outra grande conquista é a criação de Comissões de Reforma no Sistema Único de Saúde (SUS) inicialmente a nível nacional, depois estadual - da qual Patrícia faz parte - e municipal, onde representantes da sociedade, inclusive o MLA, têm metade do poder de decisão, sendo a outra metade do Poder Executivo.

O Movimento tem núcleos em todos os estados do país, sendo todos autônomos, sem uma hierarquia propositadamente. Atualmente, o Movimento tem uma Secretaria Nacional Colegiada onde 5 estados se encarregam de projetos. O Rio de Janeiro é responsável pelo financiamento, Ceará pela comunicação, São Paulo pela articulação do encontro e assim por diante. Os projetos mudam de responsável a cada encontro nacional, que ocorre a cada dois anos, geralmente no segundo semestre após setembro. Fugindo da regra, o próximo será sediado na cidade de São Paulo no primeiro semestre de 2004. A intenção é de que ocorra próximo ao dia 18 de maio.

Todos os anos o "18 de maio" é comemorado em várias cidades do país com o propósito de divulgar a situação manicomial no Brasil. Esse ano, a semana do "18 de maio" será comemorada em São Paulo com uma série de eventos preparados pelo Fórum Paulista. Debates na câmara municipal da cidade, apresentação do Coral Cidadão Cantante - composta de usuários -, shows de artistas famosos e o grande encontro no Parque do Ibirapuera agendada para o domingo que, coincidentemente, será dia 18. Paralelamente, na mesma semana, ocorrerão eventos nas faculdades organizado por alunos militantes da instituição.

Estudantes e profissionais da área de saúde mental, usuários, familiares de usuários, representantes de associações antimanicomais regionais, simpatizantes, membros de outros movimentos como a Cruz Negra Anarquista, o Movimento Negro, a CUT (Central Única de Trabalhadores), o MST (Movimento dos Sem Terra) compõem o Fórum Paulista que se reúne primeiro sábado de cada mês. Apesar da variedade de pessoas todos têm o direito de participar das discussões, de forma arbitrária sem o dever de respeitar alguma hierarquia, um cargo e comprovando, assim, a possibilidade de existirem debates de "igual para igual", ou melhor, de "diferente para diferente".

Os conselhos de psicologia, tanto regionais quanto federais, têm sido os grandes sustentadores em termos de infraestrutura, nas discussões de idéias e parceria financeira. A sede do Fórum Paulista fica no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de São Paulo e profissionais de cargos superiores do CRP são também militantes. No momento, o Conselho está um pouco distante do movimento. Esse recolhimento têm o propósito de reavaliar as relações do CRP e melhorar a atuação de ambos. Apesar de receber contribuições do CRP, uma das principais dificuldades é a captação de recurso. O pagamento de uma taxa voluntária mensal de R$ 50,00 como uma forma de obtenção de renda fixa começou a ser posta em prática esse ano.

O movimento em si é uma terapia aos usuários. Um exemplo claro é a recuperação de Maria do Patrocínio, presidente da Associação Livre dos Usuários, Técnicos e Familiares de Saúde Mental de Diadema e militante do Fórum Paulista. Maria sofria de depressão profunda e foi curada logo após sua entrada na associação. Agora como presidente ajuda no tratamento de usuários com a filosofia "Vamos ser humanos."

Fonte: Centro de Mídia Independente (www.midiaindependente.org).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

PM aposentado é suspeito de pedofilia


Foto> Rodoviária de Marília - SP. by Crau


São Paulo
Interior

PM aposentado é suspeito de pedofilia

Um tenente aposentado da Polícia Militar foi flagrado por policiais em sua casa, em Miguelópolis (região de Ribeirão Preto), na companhia de cinco meninas com menos de 11 anos.
O homem, que tem 70 anos, está preso desde anteontem sob a suspeita de praticar pedofilia.

Segundo policiais, as menores foram atraídas pelo tenente com a promessa de presentes, como bonecas. As meninas já estão com suas famílias e receberão assistência psicológica gratuita.

A polícia chegou ao local após denúncia do Conselho Tutelar. Na casa, foram apreendidos DVDs pornográficos, CDs com fotos, um computador, preservativos, armas e estimulantes sexuais.

http://www.destakjornal.com.br/noticia.asp?ref=17568

sábado, 8 de dezembro de 2007

Feminicidio no Congo!‏


foto> Quarda da Unidos do Periche - Festa das Baterias, Madrinha da Paruche, Bahianas da Império de Casa Verde - 11/2007

Dramaturga e ativista descreve ao Conselho de Segurança da ONU os crimes e atrocidades contra mulheres no Congo.

Por Eve Ensler

Volto do inferno. Procuro desesperadamente uma maneira para lhes contar o que vi e ouvi na República Democrática do Congo. Procuro uma maneira para lhes narrar as histórias e as atrocidades, e, ao mesmo tempo, evitar que fiquem abatidos, chocados ou afetados mentalmente. Procuro uma maneira de lhes transmitir o meu testemunho sem gritar, sem me imolar ou sem procurar uma AK 47.

Não sou a primeira pessoa que denuncia as violações, as mutilações e as desfigurações das mulheres do Congo. Existem relatórios a respeito deste problema desde 2000. Não sou a primeira que conta essas histórias, mas, como escritora e militante contra a violência sexual contra as mulheres, vivo no mundo da violação. Passei dez anos a ouvir as histórias de mulheres violadas, torturadas, queimadas e mutiladas na Bósnia, Kosovo, Estados Unidos, Cidade Juárez (México), Quênia, Paquistão, Haiti, Filipinas, Iraque e Afeganistão. E, apesar de saber que é perigoso comparar atrocidades e sofrimentos, nada do que eu tinha escutado até agora foi tão horrível e aterrorizador como a destruição da espécie feminina no Congo.

A situação não é mais do que um feminicídio, e temos que a reconhecer e analisar como tal. É um estado de emergência. As mulheres são violadas e assassinadas a toda hora. Os crimes contra o corpo da mulher já são horríveis por si. No entanto, há que acrescentar o seguinte: por causa de uma superstição que diz que, se um homem viola mulheres muito jovens ou muito idosas, obtém poderes especiais, meninas de menos de doze anos de idade e mulheres de mais de oitenta anos são vítimas de violação.

Também é necessário acrescentar as violações das mulheres em frente de seus maridos e filhos. Mas a maior crueldade é a seguinte: soldados soropositivos organizam comandos nas aldeias para violar as mulheres, mutilá-las. Há relatos de centenas de casos de fístulas na vagina e no reto causadas pela introdução de paus, armas ou violações coletivas. Essas mulheres já não conseguem controlar a urina ou as fezes. Depois de serem violadas, as mulheres são também abandonadas por sua família e sua comunidade.

No entanto, o crime mais terrível é a passividade da comunidade internacional, das instituições governamentais, dos meios de comunicação... a indiferença total do mundo perante tal extermínio. Passei duas semanas em Bukavu e Goma entrevistando as sobreviventes. Algumas eram de Bunia. Efetuei pelo menos oito horas de entrevistas por dia. Almocei e fui a sessões de terapia com essas mulheres. Chorei com elas. O nível de atrocidades supera a imaginação. Não tinha visto em nenhuma parte esse tipo de violência, de tortura sexual, de crueldade e de barbárie.

No leste do Congo existe um clima de violência. Nesta zona as violações tornaram-se, tal como me disse uma sobrevivente, um ?esporte nacional?. As mulheres são menos do que cidadãs de segunda classe. Os animais são mais bem tratados. Parece que todas as tropas estão implicadas nas violações: as FLDR, as Interahamwe, o exército congolês e até as Forças de Paz da ONU. A falta de prevenção, de proteção e a ausência de sanções são alarmantes.

Passei uma semana no Hospital de Panzi, vivendo em uma aldeia de mulheres violadas e torturadas. Era como uma cena de um filme de terror futurista. Ouvi histórias de mulheres que viram os seus filhos serem brutal e cinicamente assassinados. Mulheres que foram forçadas, sob a ameaça de armas, a ingerir excrementos, a beber urina ou a comer bebês mortos. Mulheres que foram testemunhas da mutilação genital dos seus maridos ou, durante semanas, violadas por grupos de homens. Essas mulheres faziam fila para me contar as suas histórias. Os traumas eram enormes e o sofrimento extremamente profundo.

Sentei-me com mulheres que tinham sido cruelmente abandonadas por suas famílias, excluídas por causa do seu cheiro, e pelo que tinham sofrido. Eu quero lhes falar da Noella. Mudei-lhe o nome para a proteger porque ela só tem nove anos de idade. Noella vive dentro de mim agora, persegue-me, leva-me a agir, a lembrar. Ela é magra, muito inteligente e viva. O dano está no seu corpo ligeiramente torto, envergonhado, preocupado. Ela sente a ansiedade nos seus pequenos dedos. Começa a contar a sua história como se ainda vivesse. Para ela o tempo parou.

?Uma noite as Interahamwe vieram à nossa casa. Eles não deixaram nada. Pilharam nossa casa. Levaram a minha mãe para um lado, o meu pai para outro e a mim para outro. Levaram-me para o mato. Um deles pôs qualquer coisa dentro de mim. Não sei o que foi. Um disse para o outro, não faça isso, não faça mal a uma criança. O outro me bateu. Eu fiquei sangrando. Ele me bateu mais e eu caí. Depois me abandonou. Passei duas semanas com os soldados. Eles me violaram constantemente. Às vezes usavam paus. Um dia me deixaram no mato. Tentei caminhar até a casa do meu tio. Consegui, mas estava demasiado fraca. Tinha febre. Estava muito mal. Cheguei até a casa. O meu pai tinha sido morto. A minha mãe voltou, mas em muito mau estado. Comecei a perder a urina e as fezes sem controle. Depois minha mãe percebeu que eles tinham me violado e destruído. Eles registraram o que tinha me acontecido e me trouxeram para cá. Estou contente por estar aqui. Já não perco a urina e ninguém ri de mim. Os rapazes riem de mim. Já não tenho vergonha. Deus julgará aqueles homens, porque eles não sabem o que fazem. Quero me restabelecer. Também penso em como eles mataram o meu pai. Sempre que penso no meu pai as lágrimas caem pelo rosto.?

O Dr. Mukwege, que, tanto quanto posso dizer, é um tipo de médico ?santo? no hospital, disse-me que a uretra da Noella está destruída. Sendo tão jovem, ela não tem tecido suficiente para operar. Terá de esperar oito anos. Oito anos de vergonha e humilhação. Oito anos em que será forçada a recordar todos os dias o que aqueles homens lhe fizeram na floresta, antes dela ter idade suficiente para saber o que era um pênis. Ela é incontinente. O médico me disse: ?O que acontece a essas jovens é terrível. Elas têm muito medo de serem tocadas por homens. Às vezes leva semanas até eu conseguir tratá-las. Dou-lhes bombons e trago-lhes bonecas.?

As mulheres sofrem imensamente. Estão debilitadas pelas violações, as torturas e a brutalidade. Não têm praticamente apoio nenhum. Depois de viver essas atrocidades, são incapazes de trabalhar nos campos ou de transportar coisas pesadas, por isso deixam de ter renda. Vi chegar pelo menos doze mulheres por dia a essa aldeia. Chegavam mancando e apoiadas em bengalas feitas à mão. Várias mulheres contaram-me que ?as florestas cheiravam à morte?, e que ?não se podia dar nem cinco passos sem tropeçar com um corpo?.

Durante a semana que passei em Panzi, o governo cortou a água. Por isso, o hospital, onde havia centenas de mulheres feridas, ficou sem água. O mesmo hospital pelo qual as mulheres tinham andado mais de sessenta quilômetros porque não havia outro mais perto. O mesmo hospital onde não havia nada para comer, (duas crianças morreram por má nutrição em um dia), onde as mulheres tinham de ficar durante meses, às vezes anos, porque as suas aldeias eram tão perigosas ou porque eram tão rejeitadas, após terem sido violadas e desonradas, que não tinham um lugar para onde voltar, onde as mulheres não podiam apresentar queixa porque os violadores podiam facilmente comprar a sua saída da prisão, voltar e violá-las outra vez, ou matá-las.

E, enquanto nós estamos aqui escrevendo nosso relatório, há mulheres que estão sendo violadas, meninas que estão sendo destroçadas para sempre, mulheres sendo testemunhas do assassinato (a golpe de catana) de suas famílias, e outras que estão sendo infectadas pelo vírus da AIDS. Onde está a nossa indignação? Onde está a consciência das pessoas?

Em 1999, eu voltei aos Estados Unidos de uma viagem ao Afeganistão, ainda debaixo do poder dos talibãs. As condições das mulheres, a violência... era uma loucura. Dirigi-me a todas as pessoas que consegui encontrar, canais de televisão, revistas, líderes etc. Com exceção de uma revista, ninguém parecia estar interessado no problema das mulheres afegãs.

Naquela altura eu sabia que, se não se interviesse, se o mundo não se levantasse e ajudasse as mulheres, haveria graves conseqüências internacionais. Sabemos o que aconteceu depois. Não apenas o 11 de Setembro, mas a reação ao 11 de Setembro, a profanação do Iraque, a justificação dos ataques preventivos, o aumento da militarização e violência e o terror que ainda hoje continua a aumentar.

As mulheres são o centro de qualquer cultura e sociedade. Embora possam não ter poder ou direitos, o modo como são tratadas ou não valorizadas, indica o que a sociedade sente em relação à própria vida. As mulheres do Congo são resistentes, poderosas, visionárias e solidárias. Com poucos recursos elas poderiam ser líderes do país e tirá-lo do seu atual estado de desordem, pobreza e caos; ou podem ser aniquiladas e, com elas, o futuro do país. A República Democrática do Congo é o coração da África, o centro dinâmico e a promessa do futuro. Se se permitir a destruição das mulheres, mata-se a vida, não apenas do Congo, mas de todo o continente africano.

Eu estou aqui como artista e ativista, mas, sobretudo, estou aqui como um ser humano destroçado pelo que ouvi na República Democrática do Congo. Estou aqui para implorar àqueles que têm poder, para declarar estado de emergência no leste do Congo, para dar um nome ao que está sendo feito às mulheres: feminicídio. Para se unirem à nossa campanha internacional para parar as violações do melhor recurso do Congo, e dar poder às mulheres e jovens do Congo. Para desenvolver os mecanismos para proteger essas mulheres, para impedir esses crimes horrorosos e desumanos.

Recomendações para terminar com a violência contra as mulheres e jovens na República do Congo

A impunidade da violência sexual tem que terminar. Apesar de centenas de milhares de mulheres e jovens violadas, não houve, praticamente, nenhuma acusação. Incumbe a toda a comunidade internacional fortalecer mecanismos na República Democrática do Congo para assegurar que os violadores serão levados à Justiça, e as vítimas protegidas, através de ações judiciais. (Mais mulheres juízas, assim como mais mulheres na polícia e advogadas são essenciais para que isso aconteça).

Está previsto que membros do Conselho de Segurança vão à República Democrática do Congo na próxima semana. É importante que eles:

a) Falem com o Governo seriamente sobre o assunto da violência sexual. Devem abordar esse tema com o presidente, e perguntar, especificamente, o que ele está fazendo para assegurar que os militares (que são os que mais cometem esses crimes) não cometam crimes de violência sexual, e que os comandantes sejam responsabilizados pelas ações dos seus soldados, e que os soldados sejam também levados à Justiça.

b) Ao reunirem-se com o Parlamento e as autoridades eleitas, os membros do Conselho de Segurança devem insistir para que seja estabelecida uma comissão parlamentar sobre a violência sexual. Devem também apelar para que se inicie um debate público com o ministro da Defesa sobre esse tema.

c) A Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC) deveria estabelecer uma unidade de combate contra a violência sexual, incluindo pessoal militar e civil, para dar prioridade à ?resposta dada às sobreviventes de violência sexual e à proteção de mulheres e crianças, sobretudo em Goma e Bakuvu?. Os países que contribuem com tropas também têm que ter um papel mais ativo, enviando mulheres como soldados da paz.

d) Os estados membros e as Nações Unidas devem mostrar o seu compromisso para terminar com a violência contra as mulheres da República Democrática do Congo através da atribuição de recursos financeiros significantes. Existem alguns bons projetos, por exemplo, o Hospital de Panzi, mas isso é muito pouco quando consideramos as enormes necessidades e a magnitude da violência. São necessários mais recursos, que poderiam ser usados para apoiar, por exemplo, programas de rádio/televisã o realizados por mulheres sobre os direitos das mulheres, violência contra as mulheres, e outros temas importantes que precisam ser abordados para romper o silêncio sobre a violência sexual.

e) Os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas devem pedir ao secretário-geral que providencie um relatório sobre a situação da violência sexual na República Democrática do Congo. Esse relatório deve ser recebido pelo Conselho em tempo oportuno (três meses).

FOGOS DE ARTIFÍCIO - cuidado com o seu animal‏


Foto> Deby e seu papai de estimação.
Comemorações com fogos de artifício são traumáticas para os animais, cuja audição é mais acurada que a humana. Muitos da fauna silvestre morrem e sofrem alterações do seu ciclo reprodutor. Os cães latem em desespero e enforcam-se nas correntes. Eles e os gatos escondem-se em locais minúsculos, fogem para nunca mais serem encontrados, provocam acidentes nas vias públicas e são vítimas de atropelamento. Há animais que, pelo trauma, mudam de temperamento e chegam até ao suicídio.

Adotando alguns procedimentos simples, pode-se diminuir o sofrimento deles:

procure um veterinário para sedar os animais, no caso de cães muito agitados
evite acorrentá-los, pois poderão enforcar-se
acomode-os em um cômodo dentro da casa onde possa mantê-los em segurança, fechando as portas e janelas, bem como proporcionando iluminação suave
evite deixar muitos cães juntos pois, excitados pelo barulho, brigam até à morte
dê alimentos leves, pois distúrbios estomacais provocados pelo pânico levam à morte
identifique seus animais com placas na coleira, para o caso de fuga;
tente colocar tampões de algodão nos ouvidos deles
estenda cobertores nas janelas e no chão, para abafar o som. Cubra-os com um edredon
deixe o guarda-roupas aberto, mas prepare-se porque eles poderão urinar, por medo
coloque-os próximos a rádios ou TV ligados e vá aumentando o volume, antes dos fogos
cubra as gaiolas dos pássaros
Florais de Bach: rescue + cherry plum + rock rose + mimulus + vervain + sweet chestnut ( * )
Estas essências, combinadas, funcionam bem para cães, gatos,aves

e eqüinos

Mande preparar em farmácia de manipulação ou homeopática, SEM ÁLCOOL nem GLICERINA, e guarde-a na geladeira (dura todo o vidro, independente do que digam)

Dê 4 vezes ao dia, diretamente na boca do animal: 2 gotas para pequenas aves; 6 gotas para cães de grande porte; 4 gotas para gatos e cães de pequeno e médio porte.

Para eqüinos, coloque 30 gotas no bebedouro, 4 vezes ao dia.
Comece a ministrar o Floral 2 ou 3 dias antes das comemorações.

( * ) receita da Drª. Martha Follain - mfollain@terra.com.br

domingo, 11 de novembro de 2007

CUIDE - Favela


Cuide
O Movimento Cuide é uma campanha de comunicação cujo slogan é “Consuma sem consumir o mundo em que você vive”. A campanha, criada pela agência Leo Burnett com o apoio de vários parceiros do Akatu, surgiu para disseminar o conceito e estimular a prática do consumo consciente, por meio de peças veiculadas em TV, rádio, internet, outdoor, jornais e revistas.

“CUIDE” é um chamado à ação e pretende despertar nos cidadãos a consciência de seu poder transformador e o compromisso com o futuro, tanto no que se aplica ao meio ambiente e à sociedade, quanto em relação ao próprio indivíduo e sua família. O movimento tem como meta mostrar o ato do consumo como um ato de cidadania - uma vez que o consumidor tenha consciência de que seu poder de escolha pode construir um mundo melhor.

A campanha é dividida em vários temas ligados ao consumo consciente, como o uso racional da água, dos alimentos, a maneira correta de descartar seu lixo, assim como a Responsabilidade Social Empresarial, entre outros temas.

Uma das peças publicitárias dessa campanha, chamada “Favela”, já recebeu várias premiações, entre elas o Leão de Ouro no Festival de Cannes e um prêmio especial concedido pela ONU (Organização das Nações Unidas), durante o Festival de Nova York em 2006.

Outra peça, chamada Tomate, também ganhou reconhecimento internacional, ao ser a mais votada durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O evento reuniu a elite econômica e política do planeta, de 26 a 30 de janeiro de 2006, na cidade suíça.
O movimento Cuide foi lançado na edição Inverno 2004 do São Paulo Fashion Week. Já na edição Verão 2004/2005 do mesmo evento, o Cuide esteve presente com a venda das sacolas, que são as peças-símbolo do movimento.

A FAVELA
A construção de um mundo melhor começa com o despertar da consciência. Ao ter consciência do impacto que consumo causa na natureza, nas relações sociais, na economia e no próprio indivíduo, é possível podemos maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos.

É justamente isso que o anúncio “Favela” faz: mostra que muitas coisas no mundo estão erradas, mas que nos acostumamos a vê-las e, com isso, elas passam a integrar nossa vida como se fossem corretas. Mas somos nós mesmos os atores capazes de mudar esta situação e construir um mundo melhor.


http://www.akatu.org.br/akatu_acao/campanhas/cuide

Jovens agridem prostitutas com pó químico no Rio


Três jovens estudantes e moradores da Barra, no Rio de Janeiro, sendo um deles menor de idade, foram detidos no início da madrugada deste domingo. Segundo a polícia, eles agrediram com a fumaça de um extintor de incêndio um grupo de prostitutas que fazia ponto na avenida Sernambetiba, na altura do clube Riviera.

Fernando Mattos Roiz Jr., 19 anos, Luciano Filgueiras Monteiro, 21 anos, e um menor de 18 anos foram interceptados por uma viatura policial e levados para uma delegacia da Barra, onde três prostitutas compareceram para registrar queixa pela agressão.
O trio havia saído de casa somente para a 'brincadeira' com extintor de pó químico retirado do prédio de Fernando. Por volta de 1h, após dispararem o extintor contra dois grupos de prostitutas, os estudantes foram seguidos por um engenheiro e mais dois amigos em outro veículo, que assistiram à cena e acionaram a polícia por telefone.
Na avenida das Américas, perto do Condomínio Parque das Rosas, os três jovens, assustados com o carro que os perseguia, pararam ao lado da viatura policial e foram detidos em seguida. O engenheiro, que não quis se identificar, foi até a delegacia para servir como testemunha.
As moças contaram que esse tipo de agressão é comum e acontece em quase todos os fins de semana, e além de extintores elas também costumam ser alvos de ovos e garrafas. Uma delas contou que um dos rapazes desceu do carro rindo e dizendo: "peguei elas".
Enquanto esperavam para ser ouvidos, agachados num canto da delegacia, os estudantes se mostraram arrependidos e disseram que pediriam desculpas às prostitutas. "Fizemos besteira, foi molecagem e estamos arrependidos. Estávamos no lugar errado, e na hora errada", disse Luciano, estudante de Direito.


Discriminar gays vai ser crime inafiançável


Após conseguir limpar a pauta com a aprovação de oito medidas provisórias, nesta quarta-feira, o plenário da Câmara conseguiu aprovar nesta quinta-feira quatro projetos de lei (PL) e uma MP, que seguem para análise do Senado. Entre os projetos aprovados nesta quinta está o o da deputada Iara Bernardi (PT-SP), que inclui novas situações tipificadas como crime resultante da discriminação ou preconceito.
O projeto estende a aplicação da Lei 7716/89 ao preconceito de gênero, sexo,
orientação sexual e identidade de gênero. Atualmente, a lei trata apenas dos crimes relacionados ao preconceito de raça, cor, etnia, religião e procedência
nacional.
O plenário também aprovou, por acordo, o Projeto de Lei do Poder Executivo, que
aumenta o valor do auxílio-invalidez pago a militares para R$ 1.089, retroativamente a 1º de janeiro de 2006, e o Projeto de Lei que cria o Fundo
Setorial do Audiovisual (FSA), vinculado ao Fundo Nacional de Cultura (FNC). A proposta cria incentivos fiscais para investimentos em produção cinematográfica
e em projetos independentes da radiodifusão brasileira. Com o projeto, a Agência
Nacional do Cinema (Ancine) terá uma capacidade maior de acompanhar o mercado e as receitas das empresas.
Também foi aprovada a MP que concede ao Ministério da Integração Nacional crédito extraordinário de R$ 13 milhões para o socorro à população do município
de Laranjal do Jari, no estado do Amapá, que teve casas e estabelecimentos
comerciais destruídos por um incêndio no dia 2 de outubro. Outro projeto aprovado foi o projeto de decreto legislativo que trata do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotado em 2002, em Nova York.
Essa foi uma semana tranqüila em votações que há muito tempo não se via. Embora tenha sofrido derrota no Senado, a Câmara dos Deputados mostrou que sua maioria está disposta a ajudar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em votações importantes, os deputados aprovaram na quarta-feira a lei geral das
micro-empresas e o primeiro turno do Fundeb, ambos tidos como prioritários.
- É a fase pré-nupcial. É também a fase dos testes em que se pode avaliar aqueles que querem, de fato, ser governo. Tivemos uma semana ótima, o que mostra comando, estabilidade política e diálogo com a oposição - afirmou o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

Fonte: O Globo Online

Major do Bope ironiza morte de seqüestrador do 174


Absolvido pela Justiça da acusação de assassinato, o major do Bope Ricardo Soares narrou em palestra a cerca de 130 policiais de todo o país como o seqüestrador do ônibus 174, Sandro do Nascimento, 21, morreu dentro de um camburão no Rio, em junho de 2000. O relato foi feito no fim de semana, em Porto Alegre.

"Eu não fiz questão realmente de ressuscitá-lo muito, não. Foi embora!", declarou, provocando risos na platéia. "Vou ser sincero: entre ele e eu, vai ele, porque tenho muita vida pela frente, se Deus quiser", disse.
Soares --capitão do Bope em 2000-- descreveu como, após resistência de Nascimento no carro policial, asfixiou o criminoso até ele desfalecer.

"Embarquei junto com Sandro. (...) Ele lutou muito conosco. Dois camaradas, dois soldados, estavam segurando as pernas dele, ele me mordeu, tentou se livrar do golpe e eu acabei apertando o pescoço dele, e aí ele desfaleceu. E eu não fiz questão realmente de ressuscitá-lo muito, não. Foi embora! (risos) A verdade é essa", disse, em relato gravado pela Folha.

Hoje chefe da seção de pessoal, correição disciplinar e processos administrativos do Bope, o major é instrutor de "progressão em favelas" no 9º SWAT, curso promovido pelo Cati (sigla em inglês para Centro para Imobilização de Táticas Avançadas), empresa especializada em treino policial.

Ele criticou o fato de ter sido preso administrativamente por 30 dias pelo episódio, ao lado de dois soldados. "Eu, particularmente, sofri muito. Fiquei preso por 30 dias de uma forma covarde, me prenderam para dar justificativa à Rede Globo."

O Cati prega o aperfeiçoamento de policiais e o uso da técnica em detrimento da violência, objetivando o menor número de mortos e feridos em ação. O carro-chefe é o ensino de táticas especiais de imobilização de suspeitos para o emprego policial, o que passou a ser difundido pelo mundo.

Outro chamariz do curso, que dura nove dias, são as aulas dadas por policiais da SWAT do Texas (EUA) sobre técnicas de resgate de reféns e confronto em ambientes confinados, visando reduzir a letalidade.

O procurador de Justiça Afrânio Silva Jardim disse que, embora tivesse admitido ter aplicado um "mata-leão" em Nascimento no inquérito, Soares teve comportamento diferente quando foi julgado. "No banco dos réus ele estava pianinho, de cabeça baixa, sem contar essas bravatas de agora. Falar isso em público assim passa um mau exemplo", afirmou.

Em junho de 2000, Sandro do Nascimento manteve 11 reféns por mais de quatro horas em um ônibus no Jardim Botânico (zona sul do Rio). Um policial do Bope avançou sobre o seqüestrador que já saíra do ônibus e disparou duas vezes. Errou os dois tiros (acertou o queixo da refém e errou o outro) e Sandro matou a refém, a professora Geísa Firmo Gonçalves, 20, com três tiros.

Nascimento foi asfixiado e morto depois de preso, no carro policial do Bope. Apesar de terem ficado presos na PM por um mês, Soares e os soldados Flávio do Val Dias e Márcio da Araújo David, que estavam no veículo, foram absolvidos pelo Tribunal do Júri por 4 a 3.

O Tribunal de Justiça confirmou a decisão --da qual não cabe recurso. Sindicância da PM não apontou culpados para a morte da professora.

"Fazendo um mea-culpa, a gente aprendeu muito, precisou sangrar para aprender muita coisa. Apesar de termos salvo a vida de 10 de 11 reféns", disse Soares aos policiais.

No final da palestra, logo depois de comentar o caso 174, ele gritou o lema do Bope: "Caveira!" A platéia, empolgada, respondeu: "Caveira!"

Polêmica

O major Ricardo Soares, do Bope, disse à Folha por telefone que contou o episódio do ônibus 174 para os policiais alunos do curso "porque muita gente falou besteira na época" sobre o caso e há "curiosidade" em razão da repercussão. Soares disse que não pretendia criar polêmica. "Até porque já fui absolvido, já está resolvido."

O major do Bope negou ter usado de ironia na descrição da morte de Sandro do Nascimento e reclamou que o caso só é lembrado pela morte da professora Geísa Firmo Gonçalves e do criminoso. "Salvamos dez dos 11 reféns e só se frisou a morte da menina -que foi ele, como já comprovado", disse.

"Não é ironia, não. Sabe o que é bacana do "Tropa de Elite"? É que ele parou de romantizar. Os filmes romantizam o bandido, o criminoso, e Sandro era um voraz assassino e consumidor de drogas. Aí fica aquele pessoal romântico: "ah, coitadinho", a sociedade hipócrita. Disse isso, e é verdade: não me mobilizei para fazer [socorro]. Pensei que ele estava desmaiado. Quando desfaleceu, inicialmente não acreditei que ele estava morto. Só vimos quando chegamos ao hospital e ele não reagia; e no hospital pedimos toda a atenção e botamos ele na maca com presteza." O major afirmou ainda que não tinha objetivo de matar Nascimento, mas de "cessar a agressão" aos policiais.

"Foi realmente que eu não tinha condições na hora de efetuar o socorro. Estava em um cubículo, na parte de trás da viatura, não tinha visão, sabia que o camarada desfaleceu. Envolvi o pescoço dele, até ele cessar a agressão: ele já tinha chutado o vidro da viatura, me mordeu e ficou chutando os policiais que tentavam acalmar a perna dele. Nesse embate, apertei o pescoço, gritando até, e depois ele desfaleceu", disse.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u344131.shtml

domingo, 4 de novembro de 2007

CAVEIRÃO DO HUCK e TROPA DE ELITE




CACTOS INTACTOS acaba de apurar, com exclusividade, que - em função de um recente pronunciamento do apresentador de TV Luciano Huck favorável ao esquadrão da morte oficial representado pelo BOPE - o nome do seu programa semanal sofrerá uma sutil alteração, passando a se chamar Caveirão do Huck.
O caveirão, como se sabe, faz alusão ao veículo blindado de guerra covardemente empregado pela polícia para invadir comunidades pobres, matando moradores indiscriminadamente, sob o pretexto falacioso de reprimir o tráfico de entorpecentes.

A tese levantada por Tropa de Elite, esta obra repugnante, segundo a qual o usuário de drogas é o principal responsável pela violência urbana, está encorajando a direita a sair do armário.

Qualquer pessoa tem todo o direito de ser entusiasta dos métodos torpes do Capitão Nazi-mento, herói psicopata de um filme inacreditável, que tem revelado, excitado e galvanizado fascistas histéricos e incontroláveis por todo o país.

Difícil é acreditar que, milionário como é e com um nariz daquele tamanho, Huck nunca tenha dado sequer uma cafungada nas baladas descoladas da alta sociedade que costuma freqüentar.

Pois esta corja de neo-fascistas já elegeu um bode-expiatório sobre o qual jogar a culpa pelo descontrole da segurança pública: os usuários de substâncias psicoativas que, na verdade, contribuem, indiretamente, para mitigar os índices de assaltos, seqüestros e roubos comprando, por livre e espontânea vontade, no mercado clandestino, produtos que deveriam estar disponíveis em locais mais apropriados: as drogarias.

Sem o dinheiro proveniente do tráfico, os bandidos, para sobreviver, tornariam gradativamente intransitáveis e inabitáveis megalopolis como o Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. Os endinheirados fugiriam do país e a classe média seria trucidada nas ruas pelo lumpesinato faminto e revoltado.


TROPA DE ELITE:
A CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA!

Ivan Pinheiro

"Homem de preto.
Qual é sua missão?
É invadir favela
E deixar corpo no chão"
(refrão do BOPE)

Não dá cair no papo furado de que "Tropa de Elite" é "arte pura" ou "obra aberta". Um filme sobre questões sociais não podia ser neutro. Trata-se de uma obra de arte objetivamente ideológica, de caráter fascista, que serve à criminalização e ao extermínio da pobreza. É possível até que os diretores subjetivamente não quisessem este resultado, mas apenas ganhar dinheiro, prestígio e, quem sabe, um Oscar. Vão jurar o resto da vida que não são de direita. Aliás, você conhece alguém no Brasil, ainda mais na área cultural, que se diga de direita?

Como acredito mais em conspirações do que no acaso, não descarto a hipótese de o filme ter sido encomendado por setores conservadores. Estou curioso para saber quais foram os mecenas desta caríssima produção, que certamente foi financiada por incentivos fiscais.

O filme tem objetivos diferentes, para públicos diferentes. Para os proletários das comunidades carentes, o objetivo é botar mais medo ainda na "caveira" (o BOPE, os "homens de preto"). O vazamento escancarado das cópias piratas talvez seja, além de uma estratégia de marketing, parte de uma campanha ideológica. A pirataria é a única maneira de o filme ser visto pelos que não podem pagar os caros ingressos dos cinemas. Aliás, que cinemas? Não existe mais um cinema nos subúrbios, a não ser em shopping, que não é lugar de pobre freqüentar, até porque se sente excluído e discriminado.

No filme, os "caveiras" são invencíveis e imortais. O único que morre é porque "deu mole". Cometeu o erro de ir ao morro à paisana, para levar óculos para um menino pobre, em nome de um colega de tropa que estava identificado na área como policial. Resumo: foi fazer uma boa ação e acabou assassinado pelos bandidos.

Para as classes médias e altas, o objetivo do filme é conquistar mais simpatia para o BOPE, na luta dos "de cima", que moram embaixo, contra os "de baixo", que moram em cima.

Os "homens de preto" são glamourizados, como abnegados e incorruptíveis. Apesar de bem intencionados e preocupados socialmente, são obrigados a torturar e assassinar a sangue frio, em "nosso nome". Para servir à "nossa sociedade", sacrificam a família, a saúde e os estudos. Nós lhes devemos tudo isso! Portanto, precisam ser impunes. Você já viu algum "caveira" ser processado e julgado por tortura ou assassinato? "Caveira" não tem nome, a não ser no filme. A "Caveira" é uma instituição, impessoal, quase secreta.

Há várias cenas para justificar a tortura como "um mal necessário". Em ambas, o resultado é positivo para os torturadores, ou seja, os torturados não resistem e "cagüetam" os procurados, que são pegos e mortos, com requintes de crueldade. Fica outra mensagem: sem aquelas torturas, o resultado era impossível.

Tudo é feito para nos sentirmos numa verdadeira guerra, do bem contra o mal. É impossível não nos remetermos ao Iraque ou à Palestina: na guerra, quase tudo é permitido. À certa altura, afirma o narrador, orgulhoso : "nem no exército de Israel há soldados iguais aos do BOPE".

Para quem mora no Rio, é ridículo levar a sério as cenas em que os "rangers" sobem os morros, saindo do nada, se esgueirando pelas encostas e ruelas, sem que sejam percebidos pelos olheiros e fogueteiros das gangues do varejo de drogas! Esta manipulação cumpre o papel de torná-los ainda mais invencíveis e, ao mesmo tempo, de esconder o estigmatizado "Caveirão", dentro do qual, na vida real, eles sobem o morro, blindados. O "Caveirão", a maior marca do BOPE, não aparece no filme: os heróis não podem parecer covardes!

O filme procura desqualificar a polêmica ideológica com a esquerda, que responsabiliza as injustiças sociais como causa principal da violência e marginalidade. Para ridicularizar a defesa dos direitos humanos e escamotear a denúncia do capitalismo, os antagonistas da truculência policial são estudantes da PUC, "despojados de boutique", que se dão a alguns luxos, por não terem ainda chegado à maioridade burguesa.

Os protestos contra a violência retratados no filme são performances no estilo "viva rico", em que a burguesia e a pequena-burguesia vão para a orla pedir paz, como se fosse possível acabar com a violência com velas e roupas brancas, ou seja, como se tratasse de um problema moral ou cultural e não social.

A burguesia passa incólume pelo filme, a não ser pela caricatura de seus filhos que, na Faculdade, fumam um baseado e discutem Foucault. Um personagem chamado "Baiano" (sutil preconceito) é a personificação do tráfico de drogas e de armas, como se não passasse de um desses meninos pobres, apenas mais espertos que os outros, que se fazem "Chefe do Morro" e que não chegam aos trinta anos de idade, simples varejistas de drogas e armas, produtos dos mais rentáveis do capitalismo contemporâneo. Nenhuma menção a como as drogas e armas chegam às comunidades, distribuídas pelos grandes traficantes capitalistas, sempre impunes, longe das balas achadas e perdidas. E ainda responsabilizam os consumidores pela existência do tráfico de drogas, como se o sistema não tivesse nada a ver com isso!

O Estado burguês também passa incólume pelo filme. Nenhuma alusão à ausência do Estado nas comunidades carentes, principal causa do domínio do banditismo. Nenhuma denúncia de que lá falta tudo que sobra nos bairros ricos. No filme, corrupção é um soldado da PM tomar um chope de graça, para dar segurança a um bar. Aliás, o filme arrasa impiedosamente os policiais "não caveiras", generalizando-os como corruptos e covardes, principalmente os que ficam multando nossos carros e tolhendo nossas pequenas transgressões, ao invés de subirem o morro para matar bandido.

A grande sacada do filme é que o personagem ideológico principal não é o artista principal. Este, branco, é o que mais mata. Ironicamente, chama-se Nascimento. É um tipo patológico, messiânico, sanguinário, que manda um colega matar enquanto fala ao celular com a mulher sobre o nascimento do filho.

Mas para fazer a cabeça de todos os públicos, tanto os "de cima" como os "de baixo", o grande e verdadeiro herói da trama surge no final: Thiago, um jovem negro, pacato, criado numa comunidade pobre, que foi trabalhar na PM para custear seus estudos de Direito, louco para largar aquela vida e ser advogado. Como PM, foi um peixe fora d'água: incorruptível, respeitava as leis e os cidadãos. Generoso, foi ele quem comprou os óculos para dar para o menino míope. Sua entrada no BOPE não foi por vocação, mas por acaso.

Para ficar claro que não há solução fora da repressão e do extermínio e que não adianta criticar nem fazer passeata, pois "guerra é guerra", nosso novo herói se transforma no mais cruel dos "caveiras" da tropa da elite, a ponto de dar o tiro de misericórdia no varejista "Baiano", depois que este foi torturado, dominado e imobilizado. Para não parecer uma guerra de brancos ricos contra negros pobres, mas do bem contra o mal, o nosso herói é um "caveira" negro, que mata um bandido "baiano", de sua própria classe, num ritual macabro para sinalizar uma possibilidade de "mobilidade social", para usar uma expressão cretina dos entusiastas das "políticas compensatórias".

A fascistização é um fenômeno que vem sendo impulsionado pelo imperialismo em escala mundial. A pretexto da luta contra o terrorismo, criminalizam-se governos, líderes, povos, países, religiões, raças, culturas, ideologias, camadas sociais.

Em qualquer país em que "Tropa de Elite" passar, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, o filme estará contribuindo para que a sociedade se torne mais fascista e mais intolerante com os negros, os imigrantes de países periféricos e delinqüentes de baixa renda.

No Brasil, a mídia burguesa há muito tempo trabalha a idéia de que estamos numa verdadeira guerra, fazendo sutilmente a apologia da repressão. Sentimos isso de perto. Quantas vezes já vimos pessoas nas ruas querendo linchar um ladrão amador, pego roubando alguma coisa de alguém? Quantas vezes ouvimos, até de trabalhadores, que "bandido tem que morrer"?

Se não reagirmos, daqui a pouco a classe média vai para as ruas pedir mais BOPE e menos direitos humanos e, de novo, fazer o jogo da burguesia, que quer exterminar os pobres, que só criam problemas e ainda por cima não contam na sociedade de consumo. Daqui a pouco, as milícias particulares vão se espalhar pelo país, inspiradas nos heróicos "homens de preto", num perigoso processo de privatização da segurança pública e da justiça. Não nos esqueçamos do modelo da "matriz": hoje, os mais sanguinários soldados americanos no Iraque são mercenários recrutados por empresas particulares de segurança, não sujeitos a regulamentos e códigos militares.

Parafraseando Bertolt Brecht, depois vai sobrar para nós, que teimamos em lutar contra o fascismo e a barbárie, sonhando com um mundo justo e fraterno.

A trilha sonora do filme já avisou:

"Tropa de Elite,
Osso duro de roer,
Pega um, pega geral.
Também vai pegar você!"

'Civilizando' a Amazônia do Equador: Corporativismo Colonial


RJ-2007 - by Crau


'Não fosse pela companhia [Skanska], eles ainda estariam vivendo de bananas e não conhecer nada além da floresta – exato como são os macacos. A despeito de tudo, esta ainda é uma república de bananas subdesenvolvida'.]

As extensas e ambientalmente destrutivas operações da construtora sueca Skanska na América Latina são pouco conhecidas na Europa. Longe da companhia amigável à natureza que ela alega ser, o discurso cosmético sobre o desenvolvimento e progresso que permeia a companhia de capital 100% sueco é racista e colonialista na prática.

Por mais ou menos mais de um ano e meio, a base da Skanska está localizada fora da cidade do petróleo de Coca na destroçada província de floresta úmida tropical de Orellana. As atividades da companhia, conduzidas em cooperação com as companhias petrolíferas em vários campos na região são controlados daqui. Um dos gerentes regionais da Skanska na bacia amazônica é Milton Diaz, um homem com muitas décadas de experiência na indústria do petróleo. Ele trabalhava para a Skanska em sua terra natal, Argentina, onde a sede continental da empresa se localiza.

De uma série de encontros e entrevistas com Diaz e seus colegas realizada no Equador, (a partir da primavera de 2006) pela cientista política Hanna Dahlström e eu, montamos um quadro coeso dos líderes da Skanska. As opiniões expressas por Diaz representam um racismo cultural, no qual a população do Equador no geral e em particular os povos indígenas são descritos em termos bastantes pejorativos. 'O povo aqui da floresta deveria ser grato ao invés de apenas reclamar e fazer exigências absurdas”, ele argumenta. 'Não fosse pela companhia, eles ainda estariam vivendo de bananas e não conhecer nada além da floresta – exato como são os macacos. A despeito de tudo, esta ainda é uma república de bananas subdesenvolvida'.

Infelizmente, as opiniões de Diaz não são incomuns. O discurso racista ao qual dá voz está alinhado com as perspectivas convencionais de companhias do hemisfério norte sobre a cultura e desenvolvimento do Sul global. Conceitos como 'estúpidos', 'república das bananas' e 'baixa cultura' são levados a simbolizar os Outros, que são locais e assim-chamados subdesenvolvidos. 'Tudo o que as pessoas pensam por aqui é ficar de papo pro ar e procurando prazeres. Ninguém assume responsabilidade por nada… Eles não percebem que as companhias deram tudo a eles. Estradas, pontes – tudo o que vemos à nossa volta', diz Milton Diaz, abrindo seus braços largamente para mostrar uma vasta área industrial onde um dia ficou a floresta úmida tropical.

O mito corporativo do desenvolvimento sustentável

De acordo com a Skanska, seu objetivo é promover 'desenvolvimento sustentável' praticando as alternativas mais amigáveis à natureza possíveis. Contudo, essas visões são obviamente e inteiramente dependentes de regulamentação externa. Victor Vazquez é o gerente ambiental da Skanska na mesma região em que Diaz trabalha. Vazquez alega que a Skanska queima gases tóxicos (produtos de escória) ao ar livre, mesmo sendo esse um procedimento extremamente poluidor. A explicação de Vazquez para esse comportamento é que o Estado equatoriano não tem os recursos para operacionalizar leis ambientais pertinentes a tamanha falta de consideração ambiental. 'O Equador não é ainda desenvolvido assim, e não há incentivo para investimentos em tecnologia melhor. Em outros países, como a Argentina, naturalmente, usamos as melhores tecnologias disponíveis', diz.

De acordo com petroleiros do Bloco 18, onde a companhia sueca trabalha com a gigante brasileira do petróleo, Petrobras, a queima de gás no campo é tão extensiva que não há nada vivo à vista. Isto, se nada mais, confirma que a tecnologia amigável à natureza e o desenvolvimento sustentável com os quais a Skanska quer ser associada não são nada além de propaganda.

Um outro argentino em posição de gerência na Skanska na região amazônica é Oswaldo Contreras. Ele também, francamente admite que a extração de petróleo sempre tem um número de lados negativos sujos. 'Perfuração de petróleo nunca tem como ser amigável à natureza. Mas é uma dessas coisas com as quais se tem de viver', ele diz, dando de ombros.

Diferente da população local, que é forçada a conviver com a poluição, Contreras não tem que se preocupar com encontrar petróleo em sua água de beber. Nem tem ele de se preocupar com o alto risco de desenvolver qualquer dos oito tipos de câncer relacionados ao petróleo ou vários outros problemas de saúde associados com as emissões da indústria do petróleo na região amazônica. E exatamente como Milton Diaz, Contreras argumenta em termos de benefícios que a população recebe pela presença da indústria. 'Skanska', ele se vangloria, 'construiu uma estrada para a população local em Campo Bermejo na fronteira colombiana. Esse é o tipo de coisa que chamamos de compensação…'

Extorsão e mentiras

De acordo com o inspetor ambiental Marcos Baños, chefe da autoridade ambiental em Coca e na província de Orellana, Skanska comporta-se de maneira suspeita e mostra grande desrespeito na região. Baños diz que representantes da companhia têm visitado a autoridade para se oferecer para executar 'projetos'. 'Eu considerei isso extorsão', explica o inspetor ambiental. Baños relata mais à frente que a Skanska é uma das companhias mais escorregadias que ele tem que lidar em seu trabalho. E é difícil duvidar do que ele diz, já que a informação que ele tem sobre a Skanska inegavelmente complementa a figura de uma companhia que tenta falsificar para driblar as leis e regulamentos a qualquer preço. Ele não está sozinho ao retratar a Skanska na região amazônica.
Raul Vega, no escritório ambiental provincial em Coca, acrescenta mais escândalos às histórias nebulosas sobre a Skanska. Ele também está bastante desapontado com o modo de operação da Skanska no Equador – mostrando nenhuma consideração pelas pessoas ou leis ambientais e completa falta de respeito pelas agências governamentais e povos indígenas. 'Oswaldo Contreras foi a primeira pessoa da Skanska que contatamos', Vega explica, 'e ele se recusou a dar a informação que requeremos. Se apenas eles tivessem nos mostrado que tinham feito estudos ambientais, teríamos dado a permissão… Mas não foi até uma ocasião no futuro que a Skanska submeteu qualquer informação a nós. E a informação mesmo acabou provando ser falsa. A companhia alegou que tinha realizado estudos ambientais, o que foi uma completa mentira'.

Quando o Business criou a Terra

De acordo com os gerentes regionais da Skanska, é graças à companhia que os povos indígenas finalmente têm a sua oportunidade de se civilizarem. Esta visão não é exclusiva de líderes corporativos em países em desenvolvimento, mas compartilhada por ideólogos neoliberais na Europa – como Johan Norberg, cuja atitude para com culturas não-industrializadas é igualmente crassa e preconceituosa. O livro de Norberg, När Människan Skapade Världen ('Quando O Homem Criou O Mundo', Timbro: 2006) expressa uma assustadora falta de entendimento para culturas não-industrializadas cujos países estão ocupados por companhias ocidentais como Skanska e gigantes inescrupulosos do petróleo. De acordo com Norberg, a globalização, o livre mercado e a produção industrial são uma receita universal para o bem-estar social e a felicidade. Porque, no mundo de Norberg a história humana tem sido consistentemente 'uma história de miséria sem fundo' – uma perspectiva que não só é ignorante, como também leva a um etnocentrismo letal quando adotado por grandes companhias para justificar seu comportamento de rapina no hemisfério sul. 'No início, todos éramos países em desenvolvimento', argumenta Norberg, sem se preocupar com a dominação imperialística que regularmente destrói culturas aborígines que desesperadamente lutam pela sobrevivência, contra corporações multinacionais e governos corruptos.

Contudo, a atitude de Norberge da Skanska é tanto incorreta quanto racista. De acordo com os povos indígenas, sua cultura não é subdesenvolvida e suas vidas não eram miseráveis antes que as companhias lançassem sua 'Operação Civilização' na selva. Ao contrário, é o conceito de desenvolvimento ocidental que representa a morte e destruição na bacia amazônica.

Diferente de Johan Norberg, o qual a despeito de uma carreira bem-sucedida como escritor só consegue distorcer perspectivas, companhias como a Skanska infelizmente têm um poder físico junto a culturas que tenham o azar de ficar em seu caminho. E sob as relações desiguais entre populações, grandes companhias, sociedades civis e estados, especialmente no hemisfério sul, Skanska mostrou representar retrocesso cultural e ecológico ao invés da 'responsabilidade social' e 'desenvolvimento sustentável' que ela alega oferecer ao mundo.

Hoje, há uma importante luta pelo futuro e a resistência crucial contra a exploração do petróleo em ecossistemas sensíveis e em territórios indígenas. Redes que lutam contra a indústria devastadora na América Latina são a Oilwatch, a equatoriana Acción Ecologica e Frente de Defensa de la Amazonia (FDA). Survival International é uma outra organização com e pelos povos tribais em volta do mundo.

Por Agneta Enström

Blog de denúncia da Skanska: www.skamska.blogg.se
Oilwatch: www.oilwatch.org
Acción Ecologica: www.accionecologica.org
Frente de Defensa de la Amazonia: www.texacotoxico.com
Survival International: www.survival-internacional.org

Tradução: Matias Romero



agência de notícias anarquistas-ana

silêncio
o passeio das nuvens
e mais nenhum pio

Alonso Alvarez

sábado, 27 de outubro de 2007

CARTA DE RESPOSTA AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E À SOCIEDADE SOBRE OS TRÁGICOS FATOS OCORRIDOS EM 14/10/2007 E 21/10/2007


Foto> Santos, SP 2007 - by Crau

Diante dos terríveis acontecimentos ocorridos nos últimos meses envolvendo supostos punks nós, do Movimento Anarco-Punk, de São Paulo, vimos a necessidade de retratar, relatar e nos posicionar diante destes fatos. Estes últimos acontecimentos são fruto de uma gama de fatores sociais e políticos que acabam por se completar com o grande “show de horrores” divulgados pelas grandes corporações midiáticas. Nós, do Movimento Aarco-Punk de São Paulo, repudiamos estes atos, estas ações não são baseadas e não tem a mínima ligação com a cultura, política e filosofia de vida punks, para nós esta é uma deturpação de nossos princípios, que com o apoio e ampla divulgação dos tendenciosos meios de comunicação de massa vem minando os poucos focos de luta e resistência popular punk.

As idéias e ações punks sempre estiveram ligadas à mudança radical do sistema social no qual vivemos, desde nossas músicas, nossa estética, nossas manifestações, nossos rolês nas ruas das periferias, enfim, nossa forma de viver, interagir e enxergar o mundo. Estes ocorridos, são atos extremos e intolerantes que com ou sem motivos plausíveis, não se justificam, vidas não podem ter valores, não se agrega preços ou importância, são vidas! Logo, tendo em vista todos os esforços que, nós anarco-punks temos empenhado dentro de nossa longa história por reconhecimento da vida e para sentir em sua forma mais intensa a importância da vida e dos direitos dos seres vivos, não podemos ser coniventes com atitudes que apenas deturpam nossa militância e nossos ideais. Para nós o que vimos é um show de forças estrelado por pessoas alienadas pelo modo de vida capitalista que não percebem que apenas estão fazendo o jogo do sistema, ou seja, o povo colocado contra o povo e estão, assim, se digladiando e se acabando, enquanto uma minoria goza de todos os prazeres da vida em nossas costas. Estes não são atos de indivíduos punks, essas pessoas não tem a mínima percepção e/ou relação com o que é a cultura punk, não podem estar ligados a nós pois são atitudes totalmente opostas àquilo que buscamos, que é o respeito as diferenças, a tolerância, e um mundo igualitário entre os diferentes.

Nós, anarco-punks, não somos a favor e não propagamos a violência, sabemos que esta é uma armadilha do sistema para justificar sua existência e destruir o povo, por outro lado vivemos em meio a uma onda de violência extrema, em uma sociedade que promove o consumismo, a competição e a ganância. Fatos de violência extrema e radicalismos levianos são amplamente divulgados e insinuados pela mídia, isso pode ser um ponto que começa a esclarecer o porquê de atos como estes ocorrem; fatos como estes ocorridos com pessoas que são erroneamente taxadas de punks ocorrem todos os dias por toda periferia de São Paulo e viram mera estatística. Pessoas exterminam-se como em uma guerra e nada é feito pelos governantes parasitas e burocratas acomodados, por isso afirmamos que a luta punk é a favor do povo e contra o estado, a burguesia e os defensores deste e outros regimes totalitários: buscamos a liberdade e não a opressão!

Todos sabem que o movimento punk tem uma origem de luta e resistência contra o sistema, uma quebra de valores sociais e morais; é inegável a militância e reconhecimento de punks dentro de movimentos sociais não como baderneiros, mas como aliados dentro dos interesses revolucionários. Este fato pode ser comprovado junto ao movimento negro, movimento gay, movimentos de luta por moradia entre outros, logo, não podemos aceitar que estes acontecimentos radicais e extremos sejam levados como verdade absoluta com relação ao movimento punk, nossa história fala por ela mesma, nossa luta é contra o sistema e não contra o povo.

Não é de hoje que nós punks somos atacados e deturpados pela tendenciosa mídia corporativa, desde o início da década de 80 sentimos e resistimos a este problema. O que no início gerou uma grande queda no movimento, atualmente é utilizado como mera manchete, da forma mais barata e tendenciosa possível. A cooptação do punk pelo sistema tornou fatos terríveis como estes notícias de extremo valor para o grande círculo midiático corporativo, colocando pessoas como meras personagens secundárias, pois o importante é o sangue e a violência e não o que gerou estes atos. No entanto, quando explanamos isso, não falamos de algo superficial como esta mídia tem abordado estes casos, falamos de algo muito mais profundo, como em que condições diárias estão colocados trabalhadores e trabalhadoras, estudantes, senhores e senhoras; que fatos do cotidiano levaram a estes atos? Pois nada acontece de uma hora para outra... Em quais condições sociais sobrevivem? Talvez estas sejam perguntas para as quais muitos saibam as respostas, sabemos, porém, que dificilmente iremos escutá-las de boa fé.

Não defendemos e nunca apoiaremos estes atos de violência, mas o que questionamos é a forma mentirosa como eles são divulgados, colocando vítimas como mártires e agressores como carrascos da época do império romano, tudo para finalizar uma “boa” notícia que mais parece uma peça de teatro, mas com isso nós perguntamos: quantas vidas são necessárias para uma “boa” manchete? Fazemos também a mesma pergunta que foi feita a um dono de uma corporação transnacional, “quantos milhões são necessários para satisfazer seu ego”?

Enquanto pessoas morrem nas ruas das periferias e o sangue escorre para o asfalto desta grande metrópole que é São Paulo nós, punks, resistiremos a toda a deturpação e ataque deste sistema à nossa cultura de luta e resistência popular, fatos como os acontecidos são, para nós, de extremo repúdio e horror, fruto de pessoas mal informadas e vitimadas pelo parasitismo social que este sistema impõe aos indivíduos. Estamos sentidos pelas vítimas destes atos, pessoas pobres que assim como nós, lutam para sobreviver dentro deste sistema opressor e indignamo-nos com as pessoas que executaram estas ações de extrema intolerância e violência. Continuamos na luta por mudanças e pela revolução social e contra toda e qualquer forma de fascismo e intolerância, sejam estes institucionais ou individuais.



Sem mais e com sentimentos às vitimas,



MOVIMENTO ANARCO-PUNK de SÃO PAULO (M.A.P. - SP)

Cx. Postal 3297 CEP 01059-970 SP/SP

map.sp@anarcopunk.org - www.anarcopunk.org

domingo, 7 de outubro de 2007

Um toque para pessoas atrevidas da Baixada Santista...





Um toque para pessoas atrevidas da Baixada Santista... ...que não permanecem acomodadas diante de tanta agressão à diversidade da vida

Então, mais uma vez, empresários, autoridades portuárias, governo federal e estadual, prefeituras locais, políticos profissionais, mídia, universidades, sindicatos e eco-tecnocratas, arrogantes e insensíveis, bem vestidos e falantes, insossos e 'branquelos', regados com champanhe e caviar, se reunirão no majestoso Mendes Convention Center, em Santos, nos dias 8 e 9 de outubro, no Fórum Nacional para a Expansão do Porto de Santos, e em nome da chamada civilização, do desenvolvimento econômico, mercadológico e especulativo, do progresso, da modernização capitalista e do lucro, vão discutir e traçar os sinistros planos de expansão do Complexo Portuário da Baixada Santista, cujo caráter primordial é potencializar a lógica do grande capital, em detrimento e impactando a qualidade de vida e ambiental da Baixada Santista, atualmente já deveras mente comprometida e degradada.

Contra tudo isso e mais um pouco, 'meia-dúzia de gatos e gatas pingados', com gargantas, corpos e garras afiadas, vão estar se reunindo na segunda-feira, dia 8, em frente do Mendes Convention Center, para miar e gritar em alto e bom som: “Não à expansão do Porto de Santos!”, “Basta de destruição do meio ambiente!”, “Desenvolvimento é o escambau!”. Etc e tal.

Sendo assim, se você tem sensibilidades com essas 'coisas', sente a destruição da nossa Natureza, e está afim de aumentar o coro, reagir, agitar um pouco, romper o silêncio e o tédio, apareça lá na frente, nas imediações do Mendes Convention Center (Av. Francisco Glicério, 200 – Gonzaga), à partir das 13 horas. Vamos juntos desmascarar os poderosos, os porta-vozes de que está tudo bem na nossa região.

Outra coisinha, foda-se que sejamos poucos, o importante é estarmos convictos, comprometidos, determinados, ativos, o que não dá é para ficar em casa assistindo tevê, calados, com uma vidinha tediosa, mansa, de lamentações...

Há que voltar às ruas! Ali é nosso lugar, dos rebeldes, loucos, românticos, apaixonados... dos que fazem o mundo girar! Matemos o capitalismo, os destruidores da Natureza! É hora de luta!

Ah, passe a palavra entre seus pares...

A Natureza não se compra nem se explora! A Natureza se ama e se defende!

Livres e Selvagens!

El Pececito Chuva de Fogo, um autoconvocado

sábado, 29 de setembro de 2007





Abaixo os dez princípios que de acordo com Paul Watson, da Sea Shepherd Conservation Society, seriam necessários para mudar nosso estilo de vida.
O Sea Shepherd Conservation Society, ou 'piratas dos mares', é um grupo criado em 1977 por Paul Watson e Robert Hunter, dois canadenses que não se conformaram com a matança de focas em seu país. De lá para cá, já afundaram 11 navios baleeiros (que caçam baleias), entre outras ações diretas.

1. Não tragas mais seres humanos ao mundo. Somos bastantes.

2. Castre e esterilize todos os animais domésticos que seja possível. São bastantes.

3. Faça-te vegano e reduz seu consumo de recursos.

4. Atreve-te a pensar fora do estabelecido, por exemplo, fora do paradigma dominante criado pelos meios de comunicação de massa, a indústria e o governo.

5. Faça que sua vida valha para algo antes de morrer.

6. Viva sua vida de acordo com as leis da ecologia.

7. Rechace o antropocentrismo e adote uma perspectiva biocentrista.

8. Atreva-te a falar, a viver, a ser imune às opiniões da humanidade.

9. Ame esta vida. É a única que terás, então a aproveite enquanto podes.

10. Não te deixes pegar pelas forças do antropocentrismo.



agência de notícias anarquistas-ana

Pardal orfãozinho
vem brincar
comigo

Cláudio Fontalan

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Centenas de pessoas marcham contra as expulsões e os centros de retenção de imigrantes na Alemanha



Foto> Templo Budista Zu Lai, Cotia - SP. By Crau
No sábado, 15 de setembro, cerca de 400 pessoas foram às ruas da cidade alemã de Mannheim contra o centro de retenção de imigrantes e a xenofobia. A passeata partiu do centro da cidade e cruzou várias ruas periféricas até chegar na frente do centro de retenção do município para demonstrar solidariedade com os 'sem papéis' (imigrantes sem documentos). Durante o trajeto da manifestação foram distribuídos milhares de folhetos e pronunciadas falas denunciando as perseguições, encarceramentos e as expulsões de imigrantes. Dezenas de policiais acompanharam a marcha, mas sem incidentes graves.

Sem fronteiras! Nenhuma nação! Parem à deportação!

Mais infos, Grupo Anarquista de Mannheim: www.anarchie-mannheim.de.vu

Fotos da passeata: http://de.indymedia.org/2007/09/194402.shtml e http://de.indymedia.org/2007/09/194519.shtml




Agência de notícias anarquistas-ana

De pernas pro ar
o palhaço olhou o mundo.
Não quis desvirar.

Lena Ponte

A falsa sensação de progresso...


Foto> Templo Zu Lai, Fefe

A agenda neoliberal não pára na Baixada Santista, com seus velhos modelos desenvolvimentistas puramente econômicos, mercadológicos e especulativos, em nome do crescimento do Complexo Portuário da Baixada Santista. Ou como eles gostam de chamar, do Porto de Santos, o maior porto da América Latina. (sic)

E para que a estrutura portuária da região cresça é preciso mais infra-estrutura rodoviária. E os planos para ampliar os acessos terrestres ao Porto de Santos, tanto por Santos como por Guarujá, já estão sendo apresentados por políticos, empresários e autoridades do Porto de Santos. Há poucas semanas atrás o prefeito de Santos anunciou o projeto de construção do primeiro grande elevado da região, saindo da Anchieta (pé da Serra do Mar) até a Alemoa, cortado por uma série de viadutos. O Secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, Sérgio Aquino, disse: “Esse projeto busca melhorar o trânsito principalmente nas marginais da Anchieta”.

Por outro lado, em recente visita a Santos, o vice-governador e Secretário Estadual de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman, comentou que é necessário correr com as obras das avenidas perimetrais do Porto de Santos, ampliar a marginal direita da Anchieta e a Conêgo Domenico Rangoni (antiga Piaçaguera-Guarujá) e construir a terceira pista da rodovia dos Imigrantes.

Trocando em miúdos, vem aí mais carros e caminhões, em conseqüência, mais emissão para atmosfera de monóxido de carbono dentre outros compostos químicos que impactarão o meio ambiente e a saúde, principalmente das crianças e das populações da Baixada Santista. Mais contaminação do mar, rios. Mais destruição e degradação dos ecossistemas da região.

Sem perspectivas de que realmente apareça uma combativa oposição popular contra esse "fundamentalismo portuário", o negócio é reciclar vidro, mas não para abastecer o “capitalismo verde”, mas para a “guerra social”!

Ah, tens notado tanto coof, coof, coof, coof, ou tosse das pessoas nas ruas? Será por que o tempo anda "maluquinho"? Ou será que as concentrações de partículas de materiais suspensos no ar emitidos dos escapamentos dos veículos motorizados estão irritando nossas gargantas e narinas?

El Pececito Chuva de Fogo

domingo, 23 de setembro de 2007

O mundo continua uma palhaçada, ninguém quer saber mais de nada, vivemos jogando isso na cara, mais levantar a bunda que é bom: NADA!!!!!!!!!!!!!!!!!!





Fotos: Crau e Fe, Rio de Janeiro Set/2007









GRUPO DE PALHAÇOS ZOMBA DA FESTA DA ARACRUZ
Porto Alegre, 22 de setembro de 2007.

Com escárnio e diversão uma trupe de palhaços mostrou a ironia que significa a Aracruz fazer uma festa em comemoração ao Dia da Árvore. A manifestação marcava o dia 21 de setembro, Dia Internacional Contra as Monoculturas de Árvores e denunciou os danos provocados pelas grandes plantações de eucalipto e pelas fábricas de celulose. As faixas, pirulitos e mosquitinhos falavam das más conseqüências da expansão da empresa e seu projeto de produção de celulose em nosso estado. Em Guaíba, cidade vizinha a Porto Alegre, a corporação pretende quadruplicar seu tamanho.

As plantações também chamadas de desertos verde, por serem desertas de biodiversidade, se expandem pelo mundo causando êxodo rural, poluição e pobreza, motivo pelo qual em 2004 foi criado o Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores. A Aracruz tem longa história de danos ao ambiente e às populações nos estados do Espirito Santo, Bahia, e Minas Gerais, tendo sido condenada no ano de 2005 em julgamento pelo Tribunal Internacional dos Povos em Viena. Entre as acusações está a expulsão de populações indígenas e quilombolas e invasão de suas terras no Espírito Santo. No RS as comunidades indígenas e quilombola estão vendo suas terras sendo tomadas por eucaliptos.

No Rio Grande do Sul o deserto verde está sendo plantado principalmente no Pampa em proveito das empresas Aracruz, Stora Enso e Votorantim. Recentemente uma ação civil pública foi distribuída para Vara Ambiental da Justiça Federal de Porto Alegre/RS contra o Governo do Estado, Caixa RS, BNDES e Empresas para impedir a expansão desenfreada da monocultura de árvores e garantir a aplicação da legislação ambiental. Depois das plantações vem a construção das fábricas que tem sua produção de celulose voltada a exportação. Fábricas com porte de 1,8 milhões toneladas por ano, como pretende a Aracruz não são permitidas na Europa, que tem maiores restrições ambientais.

A organização do evento da Aracruz chamou a polícia para impedir os ativistas de manifestar opinião contrária à corporação. O evento era realizado na praça pública Comendador de Souza, no bairro Tristeza. Embora seja permitido a livre manifestação em espaços públicos, os manifestantes não puderam entrar no evento ficando restritos a sua periferia e na chuva. A manifestação mostra que não está tudo bem e não faz coro à música de Kleiton e Kledir e "deixa para lá" a invasão verde no RS. Os referidos artistas foram questionados por fazer show para a Aracruz, já que esta causa inúmeros danos sociais e ambientais.

Como alternativa aos danos ambientais, danos à saúde e forma de vida que as empresas de celulose pretendem instalar em nosso estado, os ativistas apontam outra forma de desenvolvimento que tenha como base a agroecologia e a biodiversidade. Ao invés dos grandes latifúndios de eucalipto a agricultura familiar e a agroindústria familiar com base na agroecologia que gera mais empregos, saúde e conserva o ambiente.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Portadores de HIV enterrados vivos


Portadores do virus HIV, que provoca a Aids, estão sendo enterrados vivos por suas próprias familias em Papua Nova Guiné, afirma uma assistente social do país, no oeste do Oceano Pacifico. Segundo Margaret Marabe, as familias estão tomando esta decisão porque não têm condições para cuidar dos enfermos ou por medo de contrair a doença.
Estima-se que cerca de 2% dos seis milhões de habitantes de Papua Nova Guiné sejam portadores do HIV, sendo que os diagnosticos de novas infeccções aumentam em 30% a cada ano.
Segundo Marabe, os habitantes dos vilarejos disseram que esse tipo de acontecimento era comum. a ativista, presidente da organização humanitária Igat Hope, que lida com portadores do HIV, disse que as pessoas em regiões remotas do país não têm conhecimentos sobre a Aids.

DICA DE FILME:
JARDINEIRO FIEL

A REDE GLOBO TREME - VIVA A INTERNET !


Leão Esperança : Circula na Internet um e-mail cuja mensagem vem
causando arrepios à Rede Globo:
Criança Esperança :
Você está pagando imposto da Rede Globo! Quando a
Rede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro é
mentira. Porque no mês de Abril do ano seguinte, ela (TV Globo)
entrega o seu imposto de renda com o seguinte desconto: doação feita à
Unicef no valor de... aqui vem o valor arrecadado no Criança
Esperança). Ou seja, a Rede Globo já desconta pelo menos 20 e tantos
milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores!
Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30
ou mais pro Criança Esperança, não pode, sabe por quê? Porque Criança
Esperança é uma marca somente e não uma entidade beneficente. Já a
doação feita com o seu dinheiro para o Unicef é aceito. E não há crime
nenhum. Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi
entregue à Unicef, porém, por que descontar na Receita Federal como
doação da Rede Globo e não na sua?.
Do jeito que somos tungados
pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se
chamar de agora em diante de Leão Esperança.
Lição: Se a Rede
Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de
televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem
a milhões de computadores!

EXERÇAMOS ESTE PODER-DEVER , ENVIANDO
ESTE TEXTO À LISTA DE AMIGOS E CONTATOS!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Petrobras e Repsol YPF podem estar envolvidas na morte de baleias na Baixada Santista


[É cada vez maior o encalhe e morte de baleias e outros mamíferos marinhos no litoral da Baixada Santista, fatos que podem estar associados às atividades sísmicas da Petrobras, Repsol YPF e outras petrolíferas em suas sinistras, gananciosas e desenfreadas buscas por jazidas de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, litoral de São Paulo]

Em declarações recentes a imprensa, a chefe do escritório regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na Baixada Santista, Ingrid Oberg Furlan, comentou que as atividades de navios sísmicos é uma das hipóteses admitidas para justificar o alto índice de encalhes desses animais. Ela ressaltou que até o momento não há pesquisas precisas o suficiente que provem as reais conseqüências dos impactos sísmicos, tampouco sua relação direta com os encalhes. Ingrid também não descartou outras hipóteses para os encalhes, como as mudanças climáticas com o fenômeno La Niña, que altera as correntes marinhas.

Os números podem ser maiores, é bom desconfiar, mas dados oficiais registram que só em 2007 já foram 31 os mamíferos encalhados, contra 25 todo o ano passado. No dia 15 de agosto uma baleia encalhou e morreu em uma das praias de Itanhaén. O animal era um filhote com 4,5 metros, da espécie Franca do Sul. Três dias antes, 12, uma baleia da espécie Brida, com 4,5 metros foi encontrada morta na Praia Grande. Era um filhote e ainda estava com o cordão umbilical.

Curiosidade ou hipocrisia?

O curioso nessa história é que as empresas que fazem pesquisas sísmicas na Bacia de Santos conseguiram licença do Ibama do Rio de Janeiro para levarem a cabo esse tipo de trabalho, e as empresas já tinham previsto, em relatório, que as pesquisas de prospecção com bomba de hidrogênio poderiam gerar impactos negativos na fauna marinha.

Ora, se o Ibama sabia que tal atividade iria causar impactos na fauna marinha, por que liberou? E o que deverá estar acontecendo com outros habitantes do fundo do mar? Mistério...

Há cada vez mais baleias desorientadas pelos mares do planeta

Diferente da chefe do Ibama na Baixada Santista, não titubeio em dizer que esses encalhes e mortes de baleias e outros mamíferos marinhos estão relacionados aos abalos sísmicos e às perfurações na busca de gás e petróleo em alto mar da Bacia de Santos. Essas perfurações provocam explosões acústicas tão fortes que desorientam as baleias, que são extremamente sensíveis às emissões sonoras. Ademais, é cada vez maior o entra e sai de grandes navios cargueiros do Porto de Santos. E a última moda é a circulação dos imensos navios de cruzeiros. Estão transformando o mar em verdadeiras estradas congestionadas, impactantes!

Não faz muito tempo li um artigo que dizia que no espaço de vinte anos, o barulho ocasionado nos oceanos pelas hélices e motores dos navios de transporte, porta-contêineres e outros petroleiros mais que quadruplicou. Segundo certas estimativas, as baleias são as primeiras vítimas desta poluição sonora. Com efeito, nos mamíferos marinhos, a audição tem um papel tão crucial como o olfato nos cães, permitindo-lhes tanto encontrar a direção como o alimento.

Um pesquisador estadunidense da Universidade Cornell, estima que a propagação dos cantos das baleias ficou restrita de 1600km em 1980 a 400km em 2000. Segundo ele, quando os oceanos estavam livres de toda a poluição acústica humana, uma baleia que cruzava ao largo de Porto Rico era capaz de ouvir o canto de uma das suas congêneres situada a 2600km daí, nos bancos da Terra Nova.

Conseqüências diretas desta restrição das suas áreas de comunicação: as baleias têm cada vez mais dificuldades em se orientar (o eco dos cantos não tem retorno) e em encontrar alimentos, ou mesmo parceiros para reprodução.

E que empresas estão explorando a Bacia de Santos?

Na Bacia de Santos existem atualmente em desenvolvimento os campos de Cavalo Marinho, Estrela do Mar, Lagosta, Mexilhão, Tambaú, Tubarão e Uruguá, todos da Petrobras. Estão lá em parcerias com a Petrobras pesos pesados como a Queiroz Galvão, brasileira, e consórcios internacionais como a hispano-argentina Repsol-YPF, a norueguesa DEN-Norske, a britânica Enterprise e muitas outras.

O que vem por aí...

Prevê-se que num futuro próximo aumentará vertiginosamente os transportes marítimos. Já estão sendo criados navios automatizados, sem tripulação, dirigidos por computadores. Gigantescos e poderosos navios que ultrapassarão 1 km de comprimento, podendo transportar milhões de toneladas de cargas. Verdadeiros monstros flutuantes. E não pára por aí. As embarcações poderão usar energia atômica como propulsão. Hoje somente alguns navios e submarinos militares usam esse tipo de propulsão nuclear.

No Porto de Santos, que pretende dobrar sua capacidade de logísticas e movimentação de mercadorias, já há um projeto de dragagem de aprofundamento do calado do porto, que está em fase de licenciamento ambiental, para receber gigantescos navios.

Empresas, prefeituras, governo federal, políticos, mídia, universidades, sindicatos...

Todos esses segmentos apóiam as atividades de busca de gás e petróleo na Bacia de Santos capitaneados pela Petrobras. É incrível o frenesi diante dos investimentos da Petrobras na Baixada Santista. O argumento padrão é que a Petrobras irá alavancar o crescimento econômico das cidades litorâneas, oferecer condições de desenvolvimento às regiões carentes.

As empresas sonham com mais lucros. Os municípios sonham com mais impostos repassados, royalties. Políticos com carguinos para seus apaziguados. A mídia com mais verbas publicitárias. As universidades criando cursos de graduação, pós-graduação e extensões, especializadas na área de petróleo e gás. Os sindicatos com mais empregos... É a tal da economia em movimento, sulgando e destruindo vidas!

Em tempos de bundões, conformismo...

Por outro lado, na região, não há nenhuma movimentação social ou perspectivas em curto ou médio prazo que façam oposição efetiva, de agitação, autonôma, de ação direta, de desobediência civil a todos esses megas projetos portuários e petrolíferos. Infelizmente o que reina é a paz de cemitérios. Assim, eles, os poderosos de vários matizes, "pintam e bordam". Até quando?

E viva o progresso! Viva o Deus dinheiro!

Sanguinários da diversidade da vida, vocês querem continuar perfurando o solo, o mar, causando danos a Natureza? Querem? Então se preparem, aí vai mais uma maldição: chuvas de gelo em formato de flechas com pontas afiadíssimas cairão, perfurarão seus corações!

Livres e Selvagens!

El Pececito Chuva de Fogo