quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Petrobras e Repsol YPF podem estar envolvidas na morte de baleias na Baixada Santista


[É cada vez maior o encalhe e morte de baleias e outros mamíferos marinhos no litoral da Baixada Santista, fatos que podem estar associados às atividades sísmicas da Petrobras, Repsol YPF e outras petrolíferas em suas sinistras, gananciosas e desenfreadas buscas por jazidas de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, litoral de São Paulo]

Em declarações recentes a imprensa, a chefe do escritório regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na Baixada Santista, Ingrid Oberg Furlan, comentou que as atividades de navios sísmicos é uma das hipóteses admitidas para justificar o alto índice de encalhes desses animais. Ela ressaltou que até o momento não há pesquisas precisas o suficiente que provem as reais conseqüências dos impactos sísmicos, tampouco sua relação direta com os encalhes. Ingrid também não descartou outras hipóteses para os encalhes, como as mudanças climáticas com o fenômeno La Niña, que altera as correntes marinhas.

Os números podem ser maiores, é bom desconfiar, mas dados oficiais registram que só em 2007 já foram 31 os mamíferos encalhados, contra 25 todo o ano passado. No dia 15 de agosto uma baleia encalhou e morreu em uma das praias de Itanhaén. O animal era um filhote com 4,5 metros, da espécie Franca do Sul. Três dias antes, 12, uma baleia da espécie Brida, com 4,5 metros foi encontrada morta na Praia Grande. Era um filhote e ainda estava com o cordão umbilical.

Curiosidade ou hipocrisia?

O curioso nessa história é que as empresas que fazem pesquisas sísmicas na Bacia de Santos conseguiram licença do Ibama do Rio de Janeiro para levarem a cabo esse tipo de trabalho, e as empresas já tinham previsto, em relatório, que as pesquisas de prospecção com bomba de hidrogênio poderiam gerar impactos negativos na fauna marinha.

Ora, se o Ibama sabia que tal atividade iria causar impactos na fauna marinha, por que liberou? E o que deverá estar acontecendo com outros habitantes do fundo do mar? Mistério...

Há cada vez mais baleias desorientadas pelos mares do planeta

Diferente da chefe do Ibama na Baixada Santista, não titubeio em dizer que esses encalhes e mortes de baleias e outros mamíferos marinhos estão relacionados aos abalos sísmicos e às perfurações na busca de gás e petróleo em alto mar da Bacia de Santos. Essas perfurações provocam explosões acústicas tão fortes que desorientam as baleias, que são extremamente sensíveis às emissões sonoras. Ademais, é cada vez maior o entra e sai de grandes navios cargueiros do Porto de Santos. E a última moda é a circulação dos imensos navios de cruzeiros. Estão transformando o mar em verdadeiras estradas congestionadas, impactantes!

Não faz muito tempo li um artigo que dizia que no espaço de vinte anos, o barulho ocasionado nos oceanos pelas hélices e motores dos navios de transporte, porta-contêineres e outros petroleiros mais que quadruplicou. Segundo certas estimativas, as baleias são as primeiras vítimas desta poluição sonora. Com efeito, nos mamíferos marinhos, a audição tem um papel tão crucial como o olfato nos cães, permitindo-lhes tanto encontrar a direção como o alimento.

Um pesquisador estadunidense da Universidade Cornell, estima que a propagação dos cantos das baleias ficou restrita de 1600km em 1980 a 400km em 2000. Segundo ele, quando os oceanos estavam livres de toda a poluição acústica humana, uma baleia que cruzava ao largo de Porto Rico era capaz de ouvir o canto de uma das suas congêneres situada a 2600km daí, nos bancos da Terra Nova.

Conseqüências diretas desta restrição das suas áreas de comunicação: as baleias têm cada vez mais dificuldades em se orientar (o eco dos cantos não tem retorno) e em encontrar alimentos, ou mesmo parceiros para reprodução.

E que empresas estão explorando a Bacia de Santos?

Na Bacia de Santos existem atualmente em desenvolvimento os campos de Cavalo Marinho, Estrela do Mar, Lagosta, Mexilhão, Tambaú, Tubarão e Uruguá, todos da Petrobras. Estão lá em parcerias com a Petrobras pesos pesados como a Queiroz Galvão, brasileira, e consórcios internacionais como a hispano-argentina Repsol-YPF, a norueguesa DEN-Norske, a britânica Enterprise e muitas outras.

O que vem por aí...

Prevê-se que num futuro próximo aumentará vertiginosamente os transportes marítimos. Já estão sendo criados navios automatizados, sem tripulação, dirigidos por computadores. Gigantescos e poderosos navios que ultrapassarão 1 km de comprimento, podendo transportar milhões de toneladas de cargas. Verdadeiros monstros flutuantes. E não pára por aí. As embarcações poderão usar energia atômica como propulsão. Hoje somente alguns navios e submarinos militares usam esse tipo de propulsão nuclear.

No Porto de Santos, que pretende dobrar sua capacidade de logísticas e movimentação de mercadorias, já há um projeto de dragagem de aprofundamento do calado do porto, que está em fase de licenciamento ambiental, para receber gigantescos navios.

Empresas, prefeituras, governo federal, políticos, mídia, universidades, sindicatos...

Todos esses segmentos apóiam as atividades de busca de gás e petróleo na Bacia de Santos capitaneados pela Petrobras. É incrível o frenesi diante dos investimentos da Petrobras na Baixada Santista. O argumento padrão é que a Petrobras irá alavancar o crescimento econômico das cidades litorâneas, oferecer condições de desenvolvimento às regiões carentes.

As empresas sonham com mais lucros. Os municípios sonham com mais impostos repassados, royalties. Políticos com carguinos para seus apaziguados. A mídia com mais verbas publicitárias. As universidades criando cursos de graduação, pós-graduação e extensões, especializadas na área de petróleo e gás. Os sindicatos com mais empregos... É a tal da economia em movimento, sulgando e destruindo vidas!

Em tempos de bundões, conformismo...

Por outro lado, na região, não há nenhuma movimentação social ou perspectivas em curto ou médio prazo que façam oposição efetiva, de agitação, autonôma, de ação direta, de desobediência civil a todos esses megas projetos portuários e petrolíferos. Infelizmente o que reina é a paz de cemitérios. Assim, eles, os poderosos de vários matizes, "pintam e bordam". Até quando?

E viva o progresso! Viva o Deus dinheiro!

Sanguinários da diversidade da vida, vocês querem continuar perfurando o solo, o mar, causando danos a Natureza? Querem? Então se preparem, aí vai mais uma maldição: chuvas de gelo em formato de flechas com pontas afiadíssimas cairão, perfurarão seus corações!

Livres e Selvagens!

El Pececito Chuva de Fogo

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