terça-feira, 18 de dezembro de 2007

PM é condenado a 542 anos por Chacina da Baixada Fluminense


Foto: Minhas Rendas Portuguesas...by Crau


O cabo José Augusto Moreira, do Batalhão da PM (Polícia Militar) de Queimados, foi condenado a 542 anos de prisão por sua participação na Chacina da Baixada Fluminense, a mais sangrenta da história do Rio, que terminou com 29 mortos e um ferido em abril de 2005.

Por volta das 18h desta quarta-feira (12/12), a juíza Elisabeth Machado Louro, da 4ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, leu a sentença.

Moreira foi condenado a 18 anos por cada um dos 29 homicídios cometidos, mais 12 por uma tentativa de assassinato e outros 8 anos por formação de quadrilha. Além disso, a sentença determinou que ele seja expulso da corporação.

O defensor público Rômulo Souza de Araújo recorreu da sentença em plenário. Ele alegou que não haveria nenhum indício no processo de participação do réu na chacina e de que ele estivesse nos locais dos crimes.

Os promotores Fábio Mendes Muniz e Frederico Bonfatti, que atuaram no julgamento, afirmaram que os crimes não foram atos isolados dos réus, mas "o ápice na carreira de policiais que não conheciam limites e não respeitavam a lei".

A juíza Elizabeth Machado Louro classificou o crime como uma barbárie. "Os agentes percorreram vários logradouros e executaram aleatoriamente pessoas inocentes", afirmou.

Segundo ela, o crime é repugnante, principalmente pelo fato de o acusado ocupar o cargo de policial militar. "Deveria estar comprometido com a defesa da ordem e da vida humana", completou.

O júri começou às 12h de segunda-feira e terminou por volta das 18h desta quarta. Foram mais de 50 horas até que os sete jurados (4 mulheres e três homens) dessem o veredicto.

O cabo é o segundo policial a ser julgado dentre os cinco acusados de terem cometido os 29 assassinatos. O primeiro a ir a julgamento foi o soldado Carlos Jorge de Carvalho, condenado a 543 anos de prisão, em 2006.

Também respondem pelos mesmos crimes o cabo Marcos Siqueira Costa e o soldado Júlio César Amaral de Paula. Eles, porém, ainda não têm data definida para irem a júri, pois entraram com recursos que ainda não foram julgados.

Durante os depoimentos, uma das testemunhas de acusação disse que viu o cabo José e os outros quatro acusados em um bar no centro de Nova Iguaçu e que todos saíram juntos do local por volta das 20h30, momentos antes do início dos assassinatos.

O caso
O crime aconteceu em 31 de março de 2005. Os criminosos levaram terror a uma extensão de 15 quilômetros entre as cidades de Nova Iguaçu e Queimados. As vítimas não tinham antecedentes criminais e foram baleadas enquanto conversavam na porta de casa ou andavam pelas ruas. Entre elas havia crianças, estudantes, comerciantes, desempregados, funcionários públicos, marceneiros, pintores e garçons.

Em maio de 2005, o Ministério Público chegou a denunciar 11 policiais militares pelos crimes e o grupo acabou preso. Em fevereiro de 2006, a juíza Elizabeth Machado Louro admitiu parcialmente a denúncia e pronunciou cinco deles para irem a júri popular. Outros dois policiais foram pronunciados apenas por formação de quadrilha: o cabo Gilmar Simão, assassinado em outubro de 2006; e o cabo Ivonei de Souza, que entrou com recurso contra a decisão.

Os demais foram postos em liberdade, a pedido do Ministério Público, pois não foram encontrados indícios suficientes para incriminá-los.

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Quarta-feira, 12 de dezembro de 2007




http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/45497.shtml

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