sábado, 3 de março de 2007

Manifestação na Vieira protesta contra violência homofóbica e omissão policial











O ato que reuniu cerca de 300 pessoas teve entre os depoimentos mais contundentes o do professor Ali, violentamente agredido por uma gangue num bairro nobre de São Paulo A manifestação contra a homofobia "Basta! Chega de Violência e Omissão" realizado na noite da sexta-feira (23), na rua Vieira de Carvalho, tradicional reduto de GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais) no centro de São Paulo, será lembrada pelos relatos comoventes e indignados de vítimas da violência homofóbica. O evento que reuniu cerca de 300 pessoas, com adesão parcial dos freqüentadores da região, teve entre os depoimentos mais contundentes o do professor Ali, de 39 anos, que foi violentamente agredido em 11 de fevereiro último, por uma gangue num dos bairros mais nobres de São Paulo. A manifestação teve caráter bastante democrático ao disponibilizar o microfone para que se expressassem vítimas de violência, moradores da região, autoridades da Justiça, parlamentares, personalidades e entidades do movimento GLBT, entre outros. Entre os movimentos solidários, estiveram representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, do Conselho Regional de Serviço Social, do S.O.S. Racismo, do Centro de Mídia Independente, do Movimento Passe Livre, do Movimento de Luta ontra a Aids, do Movimento por Moradia e do Movimento Anarcopunk. Dezoito entidades de defesa dos direitos de GLBT, de várias localidades do estado, afiliadas ao Fórum Paulista GLBTT apoiaram e participaram do ato. Beto de Jesus trouxe a mensagem de apoio da Associação Internacional de Gays e Lésbicas, a ILGA. Os vereadores Netinho e Carlos Giannazi, o assessor Hespanha, do gabinete do Deputado Ítalo Cardoso, e a equipe do Programa Municipal de DST/Aids estiveram presentes. “O apoio da mídia GLS também foi muito importante para a sensibilização da população para a importância desse tipo de manifestação”, agradeceu Regina Facchini, vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), que promoveu a manifestação. Mobilização Segundo avaliação da diretoria da APOGLBT, o ato foi fundamental por reunir as pessoas e entidades, inclusive de outros movimentos sociais, para expressar sua indignação contra a violência e dar início a uma mobilização local que deve somar forças com as que se realizarão por todo o país. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) anunciou para o dia 17 de maio mobilizações nacionais contra a homofobia, que terão o apoio da APOGLBT. O ato começou às 20h e só terminou às 22h30, com relatos de violência que indignaram pela omissão do poder público e pela impunidade dos agressores. Vários relatos lamentaram o clima de impotência em que as vítimas ficam diante do despreparo e trato discriminatório de policiais e delegacias. Outros reconheceram que setores da polícia se mostram mais sensibilizados pela questão. “É absolutamente necessário, neste momento, que o movimento possa dialogar com os policiais e levar suas demandas para a Secretaria de Segurança Pública com a participação de mais entidades da sociedade civil e de órgãos de defesa dos Direitos Humanos”, alertou Regina Facchini. Várias falas lembraram que a operação policial e da mídia que interditou uma sauna gay em São Paulo, no dia anterior à manifestação, foi um exemplo do grave desrespeito aos direitos de homossexuais. Representantes do Fórum Paulista GLBTT afirmaram que o movimento não vai deixar essa ação sem resposta. Emoção Entre os depoimentos mais significativos, esteve o da delegada do Decradi – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância - Margarette Barreto, que informou que sua equipe conseguiu identificar e localizar um dos agressores que espancaram Ali. Ela afirmou que, embora não seja da nossa comunidade, também já sofreu discriminações e sabe como é difícil sentar na frente de alguém que não te conhece e falar de sua orientação sexual e de uma violência sofrida. O advodado Dimitri Sales, do Centro de Referência de Combate à Homofobia, também reforçou a importância da sensibilidade no acolhimento a GLBT agredidos ou discriminados e salientou a necessidade de que as vítimas não se calem a respeito da violência sofrida. Ali foi eloqüente ao dizer que no ataque, tiraram-lhe o sorriso, sua marca mais conhecida. Ele lamentou que os mesmos policiais com os quais se solidarizou quando dos ataque do PCC, foram os que recusaram-lhe ajuda. “Quando me tiraram o sorriso, não imaginavam que eu me recuperaria tão rápido”, disse Ali, sorrindo. O ator Sérgio Pessoa, de 30 anos, relatou como teve um rim esmagado por um chute, por ter sido identificado como gay ao passar pela Praça da República, próximo ao local da manifestação. Acompanhado de seu amigo Ângelo Medina, de 44, que também sofreu escoriações, ele contou que não está podendo trabalhar devido à cirurgia e tem passado dificuldades. Pessoa conta que foi procurado espontaneamente pela delegada Margarette, já que estava descrente do atendimento policial. Desde então, ofereceu o retrato falado do agressor e está mais confiante da possibilidade de punição. “Conscientizei-me de que a denúncia pode não dar solução para meu caso, mas pode ser a solução para outros”, afirmou Pessoa. Outro relato marcante veio do agente de saúde, David Sobreira de Barros, 26 anos, seqüestrado em junho de 2006 por um ex-namorado e um cúmplice, sem motivação aparente, para uma sessão de tortura numa área de mata, na Serra da Cantareira. Barros não sabe se tem mais revolta com a agressão, em si, ou se pela omissão da delegacia de polícia, do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia. “Sinto como se o Estado fosse cúmplice desse crime ao banalizar essa violência como se fosse uma briguinha de viados”, analisou Barros, que encontra-se escondido com medo e desespero pelas ameaças constantes que sofre. O coordenador de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura, Cássio Rodrigo, também relatou um episódio em que foi atacado no trem por um skinhead em 1997. Embora tenha procurado os órgãos competentes, à época, não se sabia qualificar esse tipo de agressão como homofobia ou crime de intolerância. Em sua opinião, a morte do adestrador de cães, Édson Néris, na Praça da República, em 2000, linchado por uma gangue de neonazistas, contribuiu para qualificar este tipo de crime. Recuo Vários manifestantes criticaram o veto do Executivo Municipal de São Paulo à lei antidiscriminação 440/01. A assessoria da Prefeitura explica que o artigo 5º do projeto, que estipula a pena para o infrator, estava vago, e por isso será definido com mais clareza para ser sancionado. A assessoria diz que o prefeito poderia ter aprovado parcialmente o projeto, mas preferiu que fosse algo completo. Representantes de entidades GLBT afirmaram que vão lutar para que o projeto seja retomado. As entidades chamaram também atenção para a necessidade de mobilização pela aprovação da lei 5.003/01, da deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), que criminaliza a homofobia em âmbito federal. A lei já foi aprovada pela Câmara, mas ainda passará pelo Senado. "Se há no Brasil leis específicas para todos os grupos, porque não existe uma para os homossexuais? A gente quer poder ir à delegacia e dizer exatamente o crime do qual foi vítima", diz o presidente da Associação da Parada, Nelson Matias. Nelson também lembrou a responsabilidade dos donos de estabelecimentos comerciais em apoiar a luta contra a homofobia e colaborar na garantia da segurança do público frequentador. Também agradeceu o apoio da CADS, da Polícia Militar, que se fez presente garantindo a segurança dos manifestantes, do equipamento de som oferecido pelo Movimento de Moradia e pelo Sindicato da Construção Civil, ao Movimento Passe Livre que apoiou o ato contra a homofobia trazendo sua bateria de percussionistas para a rua, às autoridades presentes e à união demonstrada pelas várias entidades do movimento GLBT e de outros movimentos que apoiaram efetivamente a realização da manifestação. Para finalizar, Regina Facchini, leu um texto escrito pelo Procurador Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal em SP, Sérgio Suiama, presente ao ato, que enfatiza os diretos de GLBT como Direitos Humanos. Não se cale Encorajar as vítimas a denunciar casos de agressão homofóbica foi um dos principais objetivos do ato. Como parte da campanha “Não se cale”, foram distribuídos folderes com informações sobre direitos de GLBT e filipetas para guardar na carteira, com contatos de serviços a que se pode recorrer em caso de agressão. A equipe formada por voluntários da Associação da Parada e integrantes da CADS e do Centro de Referência em Direiros Humanos e Combate à Homofobia visitaram os bares da Vieira e da Alamenda Itu, outro reduto GLBT nos Jardins, após a manifestação, informando sobre direitos e sobre como denunciar casos de discriminação e agressões. Para denunciar crimes e agressões: . Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo - Rede Cidadã pelos Direitos de GLBT e PVHA Atividades: recebimento de denúncias, acolhimento de casos de violência e discriminação, aconselhamento jurídico, encaminhamento para órgãos competentes, pesquisas sobre homofobia.
Endereço: Rua Pedro Américo, 32, 13º andar – República Atendimento: das 14 às 18 horas, pessoalmente ou por telefone com Ana Ferri Telefone: (11) 3362-2361 E-mail: redecidada@paradasp.org.br Referência: Próximo ao Metrô República . Centro de Referência em Direitos Humanos e Combate a Homofobia Atividades: recebimento de denúncias, atendimento de casos de violência e discriminação, acompanhamento multidisplinar: direito, assistência social e psicologia Endereço: Pátio do Colégio, nº 5 - 1º andar Atendimento: das 11 às 18 horas Telefone: (11) 3106-8780 E-mail: centrodereferencia@prefeitura.sp.gov.br Referência: Próximo ao Metrô Sé . DECRADI - Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância Atividades: recebe denúncias, faz pesquisa, patrulhamento, inquérito e investigação de casos de intolerância. Endereço: Rua Brigadeiro Tobias, 527, 3º andar, Luz Atendimento: das 9 às 19h. Telefone: (11) 3311 3985 - Fax: 3315 0151 E-mail: delitosintolerancia@ig.com.br dhpp@policiacivil.sp.gov.br Referência: Próximo ao Metrô Luz e ao Ministério da Fazenda

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal seu blog.
Continue!

:*

Anônimo disse...

Gostei, parabéns a todos que montaram

Anônimo disse...

Tah lgl o blog de vcs!!!
bjus casal fofo, e coh.. vira vegan logo muie!!! hauhauahuahu