quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Uma mulher estuprada: culpada pelo estupro


Foto> Bateria da Grande Rio na festa das baterias 2007. By Fefe

Esta semana uma mulher muçulmana foi condenada pela corte de seu país (infelizmente não me lembro qual país) a 90 chibatadas por estar na companhia de um homem, que não era de sua familia e por ter sido estuprada por um grupo formado por aproximadamente seis homens.
O advogado da vitima apelou a corte e pediu absolvição da mulher. O juiz então, para reforçar ainda mais a sua ira, determinou que a mulher deveria em vez de 90 levar 200 chibatadas!
Mas a pressão de grupos internacionais fez com que esta muçulmana fosse absolvida de "seu crime" e ela foi liberada de sofrer as chibatadas e assim, conforme a lei do Islã, pagar por estar acompanhada de um unão parente e ainda ter sido estuprada por um grupo de homens.
No Brasil, não vivemos sob a religião muçulmana, mas uma mulher quando é estuprada ainda é considerada culpada pela violencia que sofreu. E os argumentos são os mais estaparfúdios possiveis e tod@s nós conhecemos.
Mesmo com toda a ação do movimento feminista frente a este tema da violência contra a mulher ter sensibilizado boa parte da sociedade, a cultura patriarcal ainda é muito forte e bastante presente.
Quando se trata de uma mulher de nossa familia, sempre queremos matar o estuprador ou fazer "justiça" de qualquer jeito. Mas quando se trata de uma prostituta, de mulheres que não são de nossa familia e ainda, quando o fato é causado por um amigo nosso, a principal reação é "analisar bem os fatos" e ver que a mulher pode ter provocado.
Espero que não chegue por aqui a punição do Islã, aqui no Brasil tudo é no subjetivo. Violência contra a mulher é inconcebivel, inadmissivel e inaceitavel!!!
Parta de quem for!

Mabel Dias
Grupo Wendo de João Pessoa

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

NOTA A SOCIEDADE CEARENSE


Foto: Prantinhas da Crau...by Crau


Fortaleza, 10 de dezembro de 2007.

Nós, camponeses organizados nos movimentos sociais do campo, viemos a público expressar nosso protesto e indignação contra as multinacionais que controlam a agricultura no Brasil.
Somos mais de 250 pessoas que desde as 6h da manhã de hoje estamos na localidade de Flecheira, município de Aracati, onde fazemos uma manifestação pacífica contra a empresa multinacional SYNGENTA, com sede na Suíça. Esta empresa está no Brasil, no Ceará e em ARACATI há mais de cinco anos desenvolvendo pesquisas, experimentos e produzindo sementes selecionadas para o mercado, só que segundo informações da região essa empresa (Syngenta) está realizando testes com sementes geneticamente modificadas, TRANSGÊNICOS, as conhecidas sementes da morte, que o governo Brasileiro não autorizou.
O nosso protesto é também pela chacina que a SYNGENTA realizou em Santa Tereza do Oeste – Paraná, no dia 21 de outubro, com 40 pistoleiros, a mando da empresa, assassinou um militante da Via Campesina e feriu a tiros 5 pessoas. A ação da Syngenta fere o direito a vida, liberdade e segurança pessoal assegurada na Declaração Universal dos Direitos Humanos que hoje completa 50 anos. O protesto é ainda em solidariedade ao frei Dom Luís Cappio, que hoje chega a 13 dias de jejum e oração na luta pela não transposição do Rio São Francisco. Reafirmamos também nossa luta contra a transposição do São Francisco e na defesa dos direitos humanos.

Via Campesina - Alimento e Energia não são Mercadorias!
Maiores informações: Flávio Barbosa - 85 99479131
João Paulo – 88 99298621 / 99217988

PM é condenado a 542 anos por Chacina da Baixada Fluminense


Foto: Minhas Rendas Portuguesas...by Crau


O cabo José Augusto Moreira, do Batalhão da PM (Polícia Militar) de Queimados, foi condenado a 542 anos de prisão por sua participação na Chacina da Baixada Fluminense, a mais sangrenta da história do Rio, que terminou com 29 mortos e um ferido em abril de 2005.

Por volta das 18h desta quarta-feira (12/12), a juíza Elisabeth Machado Louro, da 4ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, leu a sentença.

Moreira foi condenado a 18 anos por cada um dos 29 homicídios cometidos, mais 12 por uma tentativa de assassinato e outros 8 anos por formação de quadrilha. Além disso, a sentença determinou que ele seja expulso da corporação.

O defensor público Rômulo Souza de Araújo recorreu da sentença em plenário. Ele alegou que não haveria nenhum indício no processo de participação do réu na chacina e de que ele estivesse nos locais dos crimes.

Os promotores Fábio Mendes Muniz e Frederico Bonfatti, que atuaram no julgamento, afirmaram que os crimes não foram atos isolados dos réus, mas "o ápice na carreira de policiais que não conheciam limites e não respeitavam a lei".

A juíza Elizabeth Machado Louro classificou o crime como uma barbárie. "Os agentes percorreram vários logradouros e executaram aleatoriamente pessoas inocentes", afirmou.

Segundo ela, o crime é repugnante, principalmente pelo fato de o acusado ocupar o cargo de policial militar. "Deveria estar comprometido com a defesa da ordem e da vida humana", completou.

O júri começou às 12h de segunda-feira e terminou por volta das 18h desta quarta. Foram mais de 50 horas até que os sete jurados (4 mulheres e três homens) dessem o veredicto.

O cabo é o segundo policial a ser julgado dentre os cinco acusados de terem cometido os 29 assassinatos. O primeiro a ir a julgamento foi o soldado Carlos Jorge de Carvalho, condenado a 543 anos de prisão, em 2006.

Também respondem pelos mesmos crimes o cabo Marcos Siqueira Costa e o soldado Júlio César Amaral de Paula. Eles, porém, ainda não têm data definida para irem a júri, pois entraram com recursos que ainda não foram julgados.

Durante os depoimentos, uma das testemunhas de acusação disse que viu o cabo José e os outros quatro acusados em um bar no centro de Nova Iguaçu e que todos saíram juntos do local por volta das 20h30, momentos antes do início dos assassinatos.

O caso
O crime aconteceu em 31 de março de 2005. Os criminosos levaram terror a uma extensão de 15 quilômetros entre as cidades de Nova Iguaçu e Queimados. As vítimas não tinham antecedentes criminais e foram baleadas enquanto conversavam na porta de casa ou andavam pelas ruas. Entre elas havia crianças, estudantes, comerciantes, desempregados, funcionários públicos, marceneiros, pintores e garçons.

Em maio de 2005, o Ministério Público chegou a denunciar 11 policiais militares pelos crimes e o grupo acabou preso. Em fevereiro de 2006, a juíza Elizabeth Machado Louro admitiu parcialmente a denúncia e pronunciou cinco deles para irem a júri popular. Outros dois policiais foram pronunciados apenas por formação de quadrilha: o cabo Gilmar Simão, assassinado em outubro de 2006; e o cabo Ivonei de Souza, que entrou com recurso contra a decisão.

Os demais foram postos em liberdade, a pedido do Ministério Público, pois não foram encontrados indícios suficientes para incriminá-los.

Leia mais:
PM acusado de participar de chacina no Rio declara inocência
PM absolvido na chacina de Vigário Geral receberá indenização de R$ 100 mil
Fazendeiro é condenado a 152 anos por chacina no Pará

Quarta-feira, 12 de dezembro de 2007




http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/45497.shtml

Liberdade às aos diferentes - Luta antimanicomial!



Propondo o fim dos manicômios: o Movimento da Luta Antimanicomial - batalha por uma sociedade igualitária.
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"Quando propomos o fim dos manicômios não é apenas um fim de um prédio, dos muros. É o fim desse olhar, dessas relações que não permitem a diferença. Ninguém escolhe ficar louco". É assim que Alessandro de Oliveira Campos (25), define o objetivo da luta do Movimento da Luta Antimanicomial (MLA).Psicólogo formado pela UNIP em 2002 Alessandro entrou no movimento durante um estágio em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Diadema (SP). Os CAPSes são uma das inúmeras formas de tratamento aos portadores de distúrbio mental, também chamados de usuários dos serviços, que alguns membros do movimento apóiam em substituição aos hospitais psiquiátricos.

Existentes em todo o Brasil e criados pelos municípios, os CAPSes geralmente são uma casa em um bairro que reúne uma equipe de profissionais de saúde mental. As pessoas da comunidade passam o dia, ou parte do dia, nesse espaço onde ocorre o acompanhamento clínico e terapêutico aos usuários. No local, há ainda oficinas culturais. Para casos de crise com necessidade de internação existem os Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS).

Inicialmente criado pela prefeitura de Santos, primeira cidade do país a promover a reforma psiquiátrica fechando o hospital Anchieta em 1989 pela ex- prefeita Telma de Souza (PT), o NAPS foi um marco para a história do movimento. No mesmo ano, durante a administração de Luiza Erundina (PT, na época) São Paulo ganhou Centros de Convivência, um equipamento de inclusão social iniciado pela mudança de atendimento de portadores de distúrbio mental - que passaram a ser em hospitais públicos de saúde geral - e pela organização de atividades relacionadas à arte juntando excluídos em geral, dentre os quais estavam os portadores de sofrimento mental. Os êxitos das duas experiências municipais comprovaram que a luta do MLA não era em vão, contribuindo também para o fortalecimento e crescimento da entidade.

Mas o real crescimento da organização se deu em 2000, com o sucesso do filme o "Bicho de sete cabeças", dirigido por Laís Bodanzky. O filme, inspirado no livro "Canto dos Malditos" do curitibano Austregésilo Carrano, trouxe à tona o problema manicomial do país ao narrar a trajetória do autor pelo sistema psiquiátrico. A projeção alcançada contribuiu para a divulgação do Movimento da Luta Antimanicomial do qual Carrano faz parte.

O nascimento dessa luta ocorreu em maio de 1987 durante a I Conferência Nacional de Saúde Mental e do II Congresso Nacional dos Trabalhadores de Saúde Mental, em Bauru-SP. No encontro, ocorreu uma discussão de ação política e da possibilidade de uma intervenção social para o problema da saúde mental, especificamente, dos absurdos que aconteciam nos manicômios. Com a criação do MLA estabeleceram o lema "Por uma sociedade sem manicômios", e definiram o 18 de maio como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Dentre os presentes estava Pedro Gabriel Delgado, atual coordenador nacional de saúde e irmão do deputado Paulo Delgado.

Paulo Delgado foi o autor da Lei Antimanicomial aprovada pelo Congresso em 2001 após 12 anos de discussões. A lei reformula a situação do sistema manicomial do país e representa a maior conquista do Movimento da Luta Antimanicomial. "Na prática, a entidade cria condições legais para acabar com os hospitais psiquiátricos" explica Patrícia Villas- Bôas (33), psicóloga e militante do movimento desde 1996 . Os resultados são o surgimento de leis federais, estaduais e portarias que contribuíram para o fechamento de 60 mil leitos no país nos últimos 15 anos. Uma outra grande conquista é a criação de Comissões de Reforma no Sistema Único de Saúde (SUS) inicialmente a nível nacional, depois estadual - da qual Patrícia faz parte - e municipal, onde representantes da sociedade, inclusive o MLA, têm metade do poder de decisão, sendo a outra metade do Poder Executivo.

O Movimento tem núcleos em todos os estados do país, sendo todos autônomos, sem uma hierarquia propositadamente. Atualmente, o Movimento tem uma Secretaria Nacional Colegiada onde 5 estados se encarregam de projetos. O Rio de Janeiro é responsável pelo financiamento, Ceará pela comunicação, São Paulo pela articulação do encontro e assim por diante. Os projetos mudam de responsável a cada encontro nacional, que ocorre a cada dois anos, geralmente no segundo semestre após setembro. Fugindo da regra, o próximo será sediado na cidade de São Paulo no primeiro semestre de 2004. A intenção é de que ocorra próximo ao dia 18 de maio.

Todos os anos o "18 de maio" é comemorado em várias cidades do país com o propósito de divulgar a situação manicomial no Brasil. Esse ano, a semana do "18 de maio" será comemorada em São Paulo com uma série de eventos preparados pelo Fórum Paulista. Debates na câmara municipal da cidade, apresentação do Coral Cidadão Cantante - composta de usuários -, shows de artistas famosos e o grande encontro no Parque do Ibirapuera agendada para o domingo que, coincidentemente, será dia 18. Paralelamente, na mesma semana, ocorrerão eventos nas faculdades organizado por alunos militantes da instituição.

Estudantes e profissionais da área de saúde mental, usuários, familiares de usuários, representantes de associações antimanicomais regionais, simpatizantes, membros de outros movimentos como a Cruz Negra Anarquista, o Movimento Negro, a CUT (Central Única de Trabalhadores), o MST (Movimento dos Sem Terra) compõem o Fórum Paulista que se reúne primeiro sábado de cada mês. Apesar da variedade de pessoas todos têm o direito de participar das discussões, de forma arbitrária sem o dever de respeitar alguma hierarquia, um cargo e comprovando, assim, a possibilidade de existirem debates de "igual para igual", ou melhor, de "diferente para diferente".

Os conselhos de psicologia, tanto regionais quanto federais, têm sido os grandes sustentadores em termos de infraestrutura, nas discussões de idéias e parceria financeira. A sede do Fórum Paulista fica no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de São Paulo e profissionais de cargos superiores do CRP são também militantes. No momento, o Conselho está um pouco distante do movimento. Esse recolhimento têm o propósito de reavaliar as relações do CRP e melhorar a atuação de ambos. Apesar de receber contribuições do CRP, uma das principais dificuldades é a captação de recurso. O pagamento de uma taxa voluntária mensal de R$ 50,00 como uma forma de obtenção de renda fixa começou a ser posta em prática esse ano.

O movimento em si é uma terapia aos usuários. Um exemplo claro é a recuperação de Maria do Patrocínio, presidente da Associação Livre dos Usuários, Técnicos e Familiares de Saúde Mental de Diadema e militante do Fórum Paulista. Maria sofria de depressão profunda e foi curada logo após sua entrada na associação. Agora como presidente ajuda no tratamento de usuários com a filosofia "Vamos ser humanos."

Fonte: Centro de Mídia Independente (www.midiaindependente.org).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

PM aposentado é suspeito de pedofilia


Foto> Rodoviária de Marília - SP. by Crau


São Paulo
Interior

PM aposentado é suspeito de pedofilia

Um tenente aposentado da Polícia Militar foi flagrado por policiais em sua casa, em Miguelópolis (região de Ribeirão Preto), na companhia de cinco meninas com menos de 11 anos.
O homem, que tem 70 anos, está preso desde anteontem sob a suspeita de praticar pedofilia.

Segundo policiais, as menores foram atraídas pelo tenente com a promessa de presentes, como bonecas. As meninas já estão com suas famílias e receberão assistência psicológica gratuita.

A polícia chegou ao local após denúncia do Conselho Tutelar. Na casa, foram apreendidos DVDs pornográficos, CDs com fotos, um computador, preservativos, armas e estimulantes sexuais.

http://www.destakjornal.com.br/noticia.asp?ref=17568

sábado, 8 de dezembro de 2007

Feminicidio no Congo!‏


foto> Quarda da Unidos do Periche - Festa das Baterias, Madrinha da Paruche, Bahianas da Império de Casa Verde - 11/2007

Dramaturga e ativista descreve ao Conselho de Segurança da ONU os crimes e atrocidades contra mulheres no Congo.

Por Eve Ensler

Volto do inferno. Procuro desesperadamente uma maneira para lhes contar o que vi e ouvi na República Democrática do Congo. Procuro uma maneira para lhes narrar as histórias e as atrocidades, e, ao mesmo tempo, evitar que fiquem abatidos, chocados ou afetados mentalmente. Procuro uma maneira de lhes transmitir o meu testemunho sem gritar, sem me imolar ou sem procurar uma AK 47.

Não sou a primeira pessoa que denuncia as violações, as mutilações e as desfigurações das mulheres do Congo. Existem relatórios a respeito deste problema desde 2000. Não sou a primeira que conta essas histórias, mas, como escritora e militante contra a violência sexual contra as mulheres, vivo no mundo da violação. Passei dez anos a ouvir as histórias de mulheres violadas, torturadas, queimadas e mutiladas na Bósnia, Kosovo, Estados Unidos, Cidade Juárez (México), Quênia, Paquistão, Haiti, Filipinas, Iraque e Afeganistão. E, apesar de saber que é perigoso comparar atrocidades e sofrimentos, nada do que eu tinha escutado até agora foi tão horrível e aterrorizador como a destruição da espécie feminina no Congo.

A situação não é mais do que um feminicídio, e temos que a reconhecer e analisar como tal. É um estado de emergência. As mulheres são violadas e assassinadas a toda hora. Os crimes contra o corpo da mulher já são horríveis por si. No entanto, há que acrescentar o seguinte: por causa de uma superstição que diz que, se um homem viola mulheres muito jovens ou muito idosas, obtém poderes especiais, meninas de menos de doze anos de idade e mulheres de mais de oitenta anos são vítimas de violação.

Também é necessário acrescentar as violações das mulheres em frente de seus maridos e filhos. Mas a maior crueldade é a seguinte: soldados soropositivos organizam comandos nas aldeias para violar as mulheres, mutilá-las. Há relatos de centenas de casos de fístulas na vagina e no reto causadas pela introdução de paus, armas ou violações coletivas. Essas mulheres já não conseguem controlar a urina ou as fezes. Depois de serem violadas, as mulheres são também abandonadas por sua família e sua comunidade.

No entanto, o crime mais terrível é a passividade da comunidade internacional, das instituições governamentais, dos meios de comunicação... a indiferença total do mundo perante tal extermínio. Passei duas semanas em Bukavu e Goma entrevistando as sobreviventes. Algumas eram de Bunia. Efetuei pelo menos oito horas de entrevistas por dia. Almocei e fui a sessões de terapia com essas mulheres. Chorei com elas. O nível de atrocidades supera a imaginação. Não tinha visto em nenhuma parte esse tipo de violência, de tortura sexual, de crueldade e de barbárie.

No leste do Congo existe um clima de violência. Nesta zona as violações tornaram-se, tal como me disse uma sobrevivente, um ?esporte nacional?. As mulheres são menos do que cidadãs de segunda classe. Os animais são mais bem tratados. Parece que todas as tropas estão implicadas nas violações: as FLDR, as Interahamwe, o exército congolês e até as Forças de Paz da ONU. A falta de prevenção, de proteção e a ausência de sanções são alarmantes.

Passei uma semana no Hospital de Panzi, vivendo em uma aldeia de mulheres violadas e torturadas. Era como uma cena de um filme de terror futurista. Ouvi histórias de mulheres que viram os seus filhos serem brutal e cinicamente assassinados. Mulheres que foram forçadas, sob a ameaça de armas, a ingerir excrementos, a beber urina ou a comer bebês mortos. Mulheres que foram testemunhas da mutilação genital dos seus maridos ou, durante semanas, violadas por grupos de homens. Essas mulheres faziam fila para me contar as suas histórias. Os traumas eram enormes e o sofrimento extremamente profundo.

Sentei-me com mulheres que tinham sido cruelmente abandonadas por suas famílias, excluídas por causa do seu cheiro, e pelo que tinham sofrido. Eu quero lhes falar da Noella. Mudei-lhe o nome para a proteger porque ela só tem nove anos de idade. Noella vive dentro de mim agora, persegue-me, leva-me a agir, a lembrar. Ela é magra, muito inteligente e viva. O dano está no seu corpo ligeiramente torto, envergonhado, preocupado. Ela sente a ansiedade nos seus pequenos dedos. Começa a contar a sua história como se ainda vivesse. Para ela o tempo parou.

?Uma noite as Interahamwe vieram à nossa casa. Eles não deixaram nada. Pilharam nossa casa. Levaram a minha mãe para um lado, o meu pai para outro e a mim para outro. Levaram-me para o mato. Um deles pôs qualquer coisa dentro de mim. Não sei o que foi. Um disse para o outro, não faça isso, não faça mal a uma criança. O outro me bateu. Eu fiquei sangrando. Ele me bateu mais e eu caí. Depois me abandonou. Passei duas semanas com os soldados. Eles me violaram constantemente. Às vezes usavam paus. Um dia me deixaram no mato. Tentei caminhar até a casa do meu tio. Consegui, mas estava demasiado fraca. Tinha febre. Estava muito mal. Cheguei até a casa. O meu pai tinha sido morto. A minha mãe voltou, mas em muito mau estado. Comecei a perder a urina e as fezes sem controle. Depois minha mãe percebeu que eles tinham me violado e destruído. Eles registraram o que tinha me acontecido e me trouxeram para cá. Estou contente por estar aqui. Já não perco a urina e ninguém ri de mim. Os rapazes riem de mim. Já não tenho vergonha. Deus julgará aqueles homens, porque eles não sabem o que fazem. Quero me restabelecer. Também penso em como eles mataram o meu pai. Sempre que penso no meu pai as lágrimas caem pelo rosto.?

O Dr. Mukwege, que, tanto quanto posso dizer, é um tipo de médico ?santo? no hospital, disse-me que a uretra da Noella está destruída. Sendo tão jovem, ela não tem tecido suficiente para operar. Terá de esperar oito anos. Oito anos de vergonha e humilhação. Oito anos em que será forçada a recordar todos os dias o que aqueles homens lhe fizeram na floresta, antes dela ter idade suficiente para saber o que era um pênis. Ela é incontinente. O médico me disse: ?O que acontece a essas jovens é terrível. Elas têm muito medo de serem tocadas por homens. Às vezes leva semanas até eu conseguir tratá-las. Dou-lhes bombons e trago-lhes bonecas.?

As mulheres sofrem imensamente. Estão debilitadas pelas violações, as torturas e a brutalidade. Não têm praticamente apoio nenhum. Depois de viver essas atrocidades, são incapazes de trabalhar nos campos ou de transportar coisas pesadas, por isso deixam de ter renda. Vi chegar pelo menos doze mulheres por dia a essa aldeia. Chegavam mancando e apoiadas em bengalas feitas à mão. Várias mulheres contaram-me que ?as florestas cheiravam à morte?, e que ?não se podia dar nem cinco passos sem tropeçar com um corpo?.

Durante a semana que passei em Panzi, o governo cortou a água. Por isso, o hospital, onde havia centenas de mulheres feridas, ficou sem água. O mesmo hospital pelo qual as mulheres tinham andado mais de sessenta quilômetros porque não havia outro mais perto. O mesmo hospital onde não havia nada para comer, (duas crianças morreram por má nutrição em um dia), onde as mulheres tinham de ficar durante meses, às vezes anos, porque as suas aldeias eram tão perigosas ou porque eram tão rejeitadas, após terem sido violadas e desonradas, que não tinham um lugar para onde voltar, onde as mulheres não podiam apresentar queixa porque os violadores podiam facilmente comprar a sua saída da prisão, voltar e violá-las outra vez, ou matá-las.

E, enquanto nós estamos aqui escrevendo nosso relatório, há mulheres que estão sendo violadas, meninas que estão sendo destroçadas para sempre, mulheres sendo testemunhas do assassinato (a golpe de catana) de suas famílias, e outras que estão sendo infectadas pelo vírus da AIDS. Onde está a nossa indignação? Onde está a consciência das pessoas?

Em 1999, eu voltei aos Estados Unidos de uma viagem ao Afeganistão, ainda debaixo do poder dos talibãs. As condições das mulheres, a violência... era uma loucura. Dirigi-me a todas as pessoas que consegui encontrar, canais de televisão, revistas, líderes etc. Com exceção de uma revista, ninguém parecia estar interessado no problema das mulheres afegãs.

Naquela altura eu sabia que, se não se interviesse, se o mundo não se levantasse e ajudasse as mulheres, haveria graves conseqüências internacionais. Sabemos o que aconteceu depois. Não apenas o 11 de Setembro, mas a reação ao 11 de Setembro, a profanação do Iraque, a justificação dos ataques preventivos, o aumento da militarização e violência e o terror que ainda hoje continua a aumentar.

As mulheres são o centro de qualquer cultura e sociedade. Embora possam não ter poder ou direitos, o modo como são tratadas ou não valorizadas, indica o que a sociedade sente em relação à própria vida. As mulheres do Congo são resistentes, poderosas, visionárias e solidárias. Com poucos recursos elas poderiam ser líderes do país e tirá-lo do seu atual estado de desordem, pobreza e caos; ou podem ser aniquiladas e, com elas, o futuro do país. A República Democrática do Congo é o coração da África, o centro dinâmico e a promessa do futuro. Se se permitir a destruição das mulheres, mata-se a vida, não apenas do Congo, mas de todo o continente africano.

Eu estou aqui como artista e ativista, mas, sobretudo, estou aqui como um ser humano destroçado pelo que ouvi na República Democrática do Congo. Estou aqui para implorar àqueles que têm poder, para declarar estado de emergência no leste do Congo, para dar um nome ao que está sendo feito às mulheres: feminicídio. Para se unirem à nossa campanha internacional para parar as violações do melhor recurso do Congo, e dar poder às mulheres e jovens do Congo. Para desenvolver os mecanismos para proteger essas mulheres, para impedir esses crimes horrorosos e desumanos.

Recomendações para terminar com a violência contra as mulheres e jovens na República do Congo

A impunidade da violência sexual tem que terminar. Apesar de centenas de milhares de mulheres e jovens violadas, não houve, praticamente, nenhuma acusação. Incumbe a toda a comunidade internacional fortalecer mecanismos na República Democrática do Congo para assegurar que os violadores serão levados à Justiça, e as vítimas protegidas, através de ações judiciais. (Mais mulheres juízas, assim como mais mulheres na polícia e advogadas são essenciais para que isso aconteça).

Está previsto que membros do Conselho de Segurança vão à República Democrática do Congo na próxima semana. É importante que eles:

a) Falem com o Governo seriamente sobre o assunto da violência sexual. Devem abordar esse tema com o presidente, e perguntar, especificamente, o que ele está fazendo para assegurar que os militares (que são os que mais cometem esses crimes) não cometam crimes de violência sexual, e que os comandantes sejam responsabilizados pelas ações dos seus soldados, e que os soldados sejam também levados à Justiça.

b) Ao reunirem-se com o Parlamento e as autoridades eleitas, os membros do Conselho de Segurança devem insistir para que seja estabelecida uma comissão parlamentar sobre a violência sexual. Devem também apelar para que se inicie um debate público com o ministro da Defesa sobre esse tema.

c) A Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC) deveria estabelecer uma unidade de combate contra a violência sexual, incluindo pessoal militar e civil, para dar prioridade à ?resposta dada às sobreviventes de violência sexual e à proteção de mulheres e crianças, sobretudo em Goma e Bakuvu?. Os países que contribuem com tropas também têm que ter um papel mais ativo, enviando mulheres como soldados da paz.

d) Os estados membros e as Nações Unidas devem mostrar o seu compromisso para terminar com a violência contra as mulheres da República Democrática do Congo através da atribuição de recursos financeiros significantes. Existem alguns bons projetos, por exemplo, o Hospital de Panzi, mas isso é muito pouco quando consideramos as enormes necessidades e a magnitude da violência. São necessários mais recursos, que poderiam ser usados para apoiar, por exemplo, programas de rádio/televisã o realizados por mulheres sobre os direitos das mulheres, violência contra as mulheres, e outros temas importantes que precisam ser abordados para romper o silêncio sobre a violência sexual.

e) Os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas devem pedir ao secretário-geral que providencie um relatório sobre a situação da violência sexual na República Democrática do Congo. Esse relatório deve ser recebido pelo Conselho em tempo oportuno (três meses).

FOGOS DE ARTIFÍCIO - cuidado com o seu animal‏


Foto> Deby e seu papai de estimação.
Comemorações com fogos de artifício são traumáticas para os animais, cuja audição é mais acurada que a humana. Muitos da fauna silvestre morrem e sofrem alterações do seu ciclo reprodutor. Os cães latem em desespero e enforcam-se nas correntes. Eles e os gatos escondem-se em locais minúsculos, fogem para nunca mais serem encontrados, provocam acidentes nas vias públicas e são vítimas de atropelamento. Há animais que, pelo trauma, mudam de temperamento e chegam até ao suicídio.

Adotando alguns procedimentos simples, pode-se diminuir o sofrimento deles:

procure um veterinário para sedar os animais, no caso de cães muito agitados
evite acorrentá-los, pois poderão enforcar-se
acomode-os em um cômodo dentro da casa onde possa mantê-los em segurança, fechando as portas e janelas, bem como proporcionando iluminação suave
evite deixar muitos cães juntos pois, excitados pelo barulho, brigam até à morte
dê alimentos leves, pois distúrbios estomacais provocados pelo pânico levam à morte
identifique seus animais com placas na coleira, para o caso de fuga;
tente colocar tampões de algodão nos ouvidos deles
estenda cobertores nas janelas e no chão, para abafar o som. Cubra-os com um edredon
deixe o guarda-roupas aberto, mas prepare-se porque eles poderão urinar, por medo
coloque-os próximos a rádios ou TV ligados e vá aumentando o volume, antes dos fogos
cubra as gaiolas dos pássaros
Florais de Bach: rescue + cherry plum + rock rose + mimulus + vervain + sweet chestnut ( * )
Estas essências, combinadas, funcionam bem para cães, gatos,aves

e eqüinos

Mande preparar em farmácia de manipulação ou homeopática, SEM ÁLCOOL nem GLICERINA, e guarde-a na geladeira (dura todo o vidro, independente do que digam)

Dê 4 vezes ao dia, diretamente na boca do animal: 2 gotas para pequenas aves; 6 gotas para cães de grande porte; 4 gotas para gatos e cães de pequeno e médio porte.

Para eqüinos, coloque 30 gotas no bebedouro, 4 vezes ao dia.
Comece a ministrar o Floral 2 ou 3 dias antes das comemorações.

( * ) receita da Drª. Martha Follain - mfollain@terra.com.br